Opositor interrompe greve de fome após retirada de cerco policial
Havana, 12 Abr 2021 (AFP) - O opositor cubano José Daniel Ferrer suspendeu a greve de fome que manteve por 21 dias, depois que as autoridades retiraram o cerco policial de sua organização, em Santiago de Cuba (leste), disse o ativista à AFP nesta segunda-feira(12) , embora denuncie o retorno de certa vigilância.
"Na tarde de sexta-feira decidimos suspender a greve de fome", disse Ferrer em áudio no WhatsApp, após a retirada do bloqueio policial à União Patriótica de Cuba (UNPACU), que ele preside.
O líder da UNPACU, ilegal na ilha, fez greve para protestar contra a vigilância que vinha sofrendo na sede de sua organização dedicada ao fornecimento de alimentos, remédios e serviços a pessoas em situação de extrema pobreza.
Ferrer disse que ao longo dos 21 dias de greve de fome juntaram-se a ele cerca de 70 pessoas, mas que muitos o abandonaram por motivos de saúde e que pouco mais de dez permaneceram em jejum até sexta-feira.
Na quinta-feira, o bispo de Santiago de Cuba, Dionisio García Ibáñez, os visitou.
"Ele me disse de uma forma muito concisa e resumida que faria negociações", com o governo, disse Ferrer.
O opositor lembrou que durante o fim de semana cem pessoas voltaram à sua organização para receber assistência médica, remédios e alimentação, mas que nesta segunda-feira a vigilância havia retornado ao entorno da sede da UNPACU, sem nenhuma prisão até o momento.
Em 8 de abril, os Estados Unidos expressaram preocupações sobre a saúde dos dissidentes.
"Instamos o governo cubano a tomar medidas para diminuir a situação e respeitar os direitos de expressão e reunião", disse no Twitter Julie Chung, chefe interina do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado.
Quatro eurodeputados, incluindo Dita Charanzová, vice-presidente do Parlamento Europeu, enviaram uma carta à embaixadora de Cuba na União Europeia, Norma Goicochea, no dia 1 de abril, manifestando preocupação com a saúde de Ferrer.
O opositor, detido em fevereiro e solto poucas horas depois, é um dos 75 presos políticos da chamada "primavera negra" de 2003.
Em 2011, ele se recusou a aceitar um acordo entre o governo de Raúl Castro e a Igreja para emigrar para a Espanha.
O sistema político cubano admite apenas um partido, o Partido Comunista, e considera a oposição ilegal.
O governo acusa os dissidentes de serem financiados pelos Estados Unidos para derrubar o sistema socialista.
lp/ka/rs/jc
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