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Afeganistão confirma libertação dos primeros 100 prisioneiros talibãs

08/04/2020 16h59

Cabul, 8 abr (EFE).- Para cumprir os "esforços pela paz e a contenção da Covid-19", o Afeganistão libertou nesta quarta-feira os primeiros cem prisioneiros talibãs dos 5 mil que o país se comprometeu a soltar, um dia após o grupo rebelde anunciar o fracasso das negociações.

"O governo do Afeganistão libertou 100 prisioneiros talibãs, levando em conta o seu estado de saúde, a idade e a duração restante das suas penas, como parte dos nossos esforços pela paz e a contenção da Covid-19", afirmou em comunicado o Conselho de Segurança Nacional, principal agência de inteligência afegã.

Os prisioneiros "juraram nunca mais voltar ao campo de batalha", afirmou a entidade, antes de acrescentar que a liderança do grupo insurgente em Doha também deu a sua palavra.

A libertação se baseia no decreto de 11 de março do presidente afegão, Ashraf Ghani, no qual se comprometeu a libertar 5 mil rebeldes em diferentes fases. Os talibãs enviaram uma equipe técnica a Cabul na terça-feira da semana passada, um gesto sem precedentes em 19 anos de conflito.

"Os 100 prisioneiros estavam em uma longa lista que a equipe técnica compartilhou e discutiu durante as reuniões com a equipe técnica do Afeganistão em Cabul", explicou o Conselho.

O porta-voz da agência de inteligência Javid Faisal disse à Agência Efe que "os 100 prisioneiros foram hoje libertos da prisão de Bagram", a principal prisão do país e onde se encontra a maioria dos insurgentes.

LIBERTAÇÃO PACTUADA EM DOHA.

O processo faz parte do acordo firmado em Doha entre os talibãs e os Estados Unidos em 29 de fevereiro, no qual os EUA se comprometeram a retirar as tropas estrangeiras no prazo de 14 meses, enquanto os rebeldes libertariam 1.000 membros das forças de segurança.

Mas a libertação dos prisioneiros foi adiada várias vezes nas últimas semanas, o que levou os talibãs a considerar as reuniões "infrutíferas", retirando ontem a delegação de Cabul.

Até agora, os talibãs não se pronunciaram sobre a libertação de hoje, o que é visto como um passo crucial para o início das conversas de paz, para encerrar quase duas décadas de guerra no Afeganistão.

O governo Cabul indicou que continua disposto a dialogar com os talibãs, embora não tenha esclarecido se continuará a libertar os prisioneiros de guerra.

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