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Hospitais de Paris testam novos tratamentos que visam impedir casos graves da Covid-19

03/04/2020 11h51

Como impedir que os sintomas da Covid-19 se agravem depois de alguns dias, colocando a vida dos pacientes em risco  e superlotando as UTIs? Um grupo de pesquisadores dos hospitais parisienses iniciou testes clínicos  para tentar impedir o processo inflamatório que desencadeia formas severas da doença.

De acordo com o vice-presidente do setor de pesquisas dos estabelecimentos de saúde da capital, Philippe-Gabriel Steg, "os cientistas acreditam ter identificado alvos terapêuticos para lutar contra esse fenômeno", explicou o cardiologista. Segundo ele, dos 130 projetos de pesquisa recebidos nas ultimas semanas, 35  já começaram.

Os protocolos foram estabelecidos em apenas 15 dias, um tempo recorde. Os 39 hospitas parisienses colaboram com diversos estudos diferentes, incluindo o projeto Discovery, que visa validar o uso de quatro moléculas com bons resultados em testes preliminares contra o vírus , incluindo a hidroxicloroquina.

O teste iniciado nos hospitais parisienses visa identificar tratamentos com medicamentos dirigidos contra a reação imunológica e inflamatória excessiva, que chega de maneira brutal, uma semana depois do início dos sintomas. Ela acontece porque o organismo produz, mais do que deveria, proteínas conhecidas como citoquinas, que atuam na resposta autoimune.

Para regular essa reação, os pesquisadores vão administrar aos participantes anticorpos monoclonais, criados em laboratório. Um medicamento conhecido como Sarimulab, desenvolvido pelos laboratórios Sanofi e Regeneron, utiliza os mesmos anticorpos. Eles são usados no tratamento da Artrite Reumatoide, que atinge as articulações. As duas companhias lançaram um teste nos Estados Unidos com 400 pacientes utilizando a molécula.

Células-tronco

Outras pistas de tratamento também estão sendo exploradas. O hospital parisiense Pitié-Salpetrière lançou ontem um protocolo para verificar se a injeção de certas células-troncos poderia reduzir as lesões nos pulmões de pacientes que apresentam uma sindrome de insuficiência respiratória aguda.

O protocolo incluira 60 pacientes em respiração artificial em sete UTIs de hospitais parisienses. "Essas células ja foram utilizadas no homem em outras patologias inflamatórias, como as doenças autoimunes, complicações de transplantes de medula espinhal, insuficiência cardíaca ou doenças hepáticas", diz o cardiologista francês, acrescentando que a "excelente tolerância" delas foi demonstrada anteriormente.

De acordo com ele, essas células têm a vantagem de se multiplicarem rapidamente, o que facilita sua produção, e podem ser congeladas e estocadas.Outros testes devem começar rapidamente, para avaliar o uso de antiinflamatorios ou inibidores de enzimas de conversão, que integram tratamentos contra a hipertensão e a insuficiência cardíaca.

 

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