China isola cidades para conter surto de coronavírus
Temores quanto a uma maior disseminação da doença levaram autoridades de saúde em todo o mundo a agir para evitar uma pandemia global.
Agências de saúde na China e no exterior temem que a taxa de infecção possa aumentar com a aproximação do feriado do Ano Novo chinês, de 25 de janeiro a 18 de fevereiro, quando centenas de milhões de pessoas viajam pelo país ou para o exterior.
Por precaução, Pequim cancelou as tradicionais celebrações que reúnem todos os anos enormes multidões nos templos da cidade. A histórica Cidade Proibida será fechada a partir deste sábado.
A Comissão Nacional de Saúde da China havia confirmado nesta quinta-feira 17 mortes na província central de Hubei, onde se localiza Wuhan, a cidade de 11 milhões de pessoas onde o surto teve início. Já na província de Hebei, logo ao sul de Pequim, autoridades confirmaram a morte de um homem de 80 anos infectado pelo coronavírus, sendo esta a primeira morte fora do local de origem.
O tráfego aéreo e ferroviário a partir de Wuhan está suspenso por tempo indeterminado, e a passagem nos pedágios das estradas que levam à cidade foi bloqueada, gerando pânico entre os que permanecem dentro da área de contenção e temores quanto a uma possível escassez de alimentos e desinfetantes.
"O isolamento de 11 milhões de pessoas é algo sem precedentes na história da saúde pública", afirmou o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Pequim, Gauden Galea.
Pouco depois do isolamento de Wuhan, autoridades da vizinha Huanggang anunciaram a suspensão do transporte público e ferroviário a partir da meia-noite. A população de 7,5 milhões de pessoas recebeu ordens de não deixar a cidade. O mercado central, cinemas e parte do comércio permanecerão fechados.
A cidade de Ezhou, de 1,1 milhão de habitantes, também em Hubei, anunciou o fechamento de sua estação de trens. Outras três cidades na província impuseram restrições ao transporte público ou ao tráfego rodoviário.
A emissora estatal CCTV informou que o governo está destinando 1 bilhão de yuans (144 milhões de dólares) para medidas de prevenção e controle da epidemia em Hubei, enquanto três equipes de cientistas tentam desenvolver uma vacina.
As autoridades suspeitam que a fonte primária do surto, iniciado em dezembro, sejam animais silvestres comercializados ilegalmente em um mercado em Wuhan, a partir de onde o vírus começou a se espalhar. Os sintomas são febre e cansaço, acompanhados de tosse seca e, em muitos casos, dificuldades respiratórias.
Medidas tomadas em outros países
Passageiros vindos das regiões afetadas são vistoriados e examinados em aeroportos americanos e europeus e em vários centros de transporte público na Ásia.
A Tailândia confirmou quatros casos da doença, enquanto Cingapura, Japão, Coreia do Sul, Taiwan e os Estados Unidos relataram um cada. Hong Kong, com duas infecções detectadas, transformou dois acampamentos de férias em estações de quarentena, como medida de precaução. O Vietnã afirmou que dois cidadãos chineses no país foram diagnosticados com a doença.
A misteriosa pneumonia, transmitida principalmente pelas vias respiratórias, é causada por uma nova cepa de coronavírus, identificada como 2019-nCoV (Novel Coronavírus 2019). A vice-ministra da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin, alertou que existe a possibilidade de o vírus sofrer mutação, possibilitando uma disseminação maior da doença.
O governo classificou o surto na mesma categoria da epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que se espalhou pela China em 2003 causando 646 mortes no país e 813 em todo o mundo, de acordo com dados da OMS. Essa categorização implica no isolamento compulsório de pacientes e na possível aplicação de medidas de quarentena.
OMS descarta emergência global
O Comitê de Emergência da OMS, composto por 16 especialistas independentes, decidiu nesta quinta-feira que o surto do novo coronavírus não constitui uma emergência global de saúde, mas afirmou que acompanha a evolução da doença minuto a minuto.
"Não se enganem, porém. Isso é uma emergência na China", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Entretanto, ainda não se tornou uma emergência global, o que ainda poderá acontecer", observou.
"A China tomou as medidas que acredita que sejam as apropriadas para conter a disseminação em Wuhan e outras cidades. Esperamos que seja tanto eficiente quanto de curta duração", disse Ghebreyesus.
RC/afp/rtr
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