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Via Varejo encontra indícios de fraude contábil e estima impacto de até R$1,4 bi no 4º tri

13/12/2019 09h01

SÃO PAULO (Reuters) - A Via Varejo anunciou na quinta-feira que a investigação interna aberta encontrou indícios de fraude contábil, que deve impactar o resultado do quarto trimestre em até 1,4 bilhão de reais.

As ações da companhia, que antes do anúncio lideravam as altas do Ibovespa, com valorização de mais de 8%, reverteram rapidamente o sinal e fecharam em baixa de 3,1% nos ajustes.

As investigações, abertas após a companhia ter recebido denúncias anônimas em novembro, apontaram indícios de fraude contábil oriunda de manipulação de provisão trabalhista e diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos, informou a Via Varejo.

Além disso, a investigação detectou falhas de controles internos, que poderiam resultar "em erros materiais" em certas contas contábeis. Com isso, a empresa determinou a abertura de uma terceira fase de investigações.

"Estima-se que o impacto combinado dos ajustes decorrentes tanto da investigação... resultará em ajustes da ordem de 1,2 bilhão a 1,4 bilhão nos resultados do quarto trimestre, com impacto no patrimônio líquido da companhia entre 800 milhões e 940 milhões de reais", afirmou a Via Varejo em fato relevante, acrescentando que espera que os valores gerem um efeito no caixa da companhia nos próximos três a quatro anos.

"A administração avalia que os ajustes descritos acima não impactarão de maneira adversa e relevante seu fluxo de caixa, sua condição financeira e operacional ou sua capacidade de honrar compromissos", afirmou a Via Varejo, informando que iniciou uma terceira fase da investigação, mas não estimou quando poderá ser concluída.

Dentro da análise realizada pela gestão que assumiu o comando da empresa em meados deste ano, a Via Varejo também encontrou créditos fiscais de cerca de 600 milhões de reais referentes a PIS/Cofins e ICMS, sob avaliação de auditores independentes da empresa, dona da Ponto Frio e da Casas Bahia.

Em nota no final da noite, o GPA, acionista controlador da empresa até meados do ano, afirmou que sob sua gestão a administração da Via Varejo sempre adotou, ao longo dos anos, critérios uniformes e consistentes com as regras contábeis e regulamentares vigentes em cada período, "tendo eventualmente sofrido alterações apenas em razão de modificações em ditos dispositivos legais ou regulamentares", ou "mudanças nas situações concretas e fáticas que exigiam, consequentemente, ajustes técnicos nas demonstrações dinanceiras".

De acordo com o GPA, nenhum dos órgãos de controle, supervisão, fiscalização ou revisão existentes sob sua gestão "jamais apontou nos últimos anos qualquer indício de que as demonstrações financeiras poderiam apresentar qualquer irregularidade".

"O GPA e os membros da administração da Via Varejo, indicados pelo GPA ou por acionistas que hoje fazem parte de referido órgão ou da diretoria da Via Varejo, não tomaram conhecimento naqueles respectivos períodos de que poderia haver qualquer irregularidade nas demonstrações financeiras", afirmou, ressaltando que as mesmas foram sempre aprovadas por todos os órgãos e membros de controle.

O veterano do varejo Michael Klein e sua família compraram o controle da Via Varejo em leilão na B3, em meados de junho.

(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Paula Arend Laier)

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