Topo
Notícias

Prévia da inflação perde força e sobe 0,21% em abril

Danilo Verpa/Folhapress
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress
do UOL

Alexandre Garcia

Colaboração para o UOL, de São Paulo

26/04/2024 09h04

A prévia da inflação voltou a perder força e avançou 0,21% em abril, ante alta de 0,36% apurada em março, mostram dado divulgados nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A segunda desaceleração seguida do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15) é motivada principalmente pelos aumentos menores dos alimentos e dos itens que compõem o grupo de transportes.

O que aconteceu

A alta do indicador é a menor para meses de abril desde a deflação de 0,01% registrada em 2020. Com a variação, a prévia da inflação acumula alta de 3,77% nos últimos 12 meses, resultado abaixo apurado para o período finalizado em março (4,14%). No ano, o IPCA-15 avança 1,67%.

Entre os grupos pesquisados, apenas transportes registrou queda em abril. A deflação de 0,49% foi influenciada pelo menor custo das passagens aéreas (-12,2%) e dos combustíveis (-0,03%). No mês, a gasolina (-0,11%), o óleo diesel (-0,43%) e o gás veicular (-0,97%) tiveram reduções de preços. Ao mesmo tempo, o etanol (0,87%) representa a única alta.

Para os alimentos, a alta de 0,61% representa uma perda de força em relação à variação de 0,91% de março. O avanço dos preços foi puxado pelo salto de 0,74% da alimentação no domicílio e de 0,25% das refeições fora de casa. Ambos os resultados são inferiores aos aumentos contabilizados no mês passado.

Na lista de subitens do grupo, o tomate aparece como o principal vilão, com avanço de 17,87% no mês. Também apresentaram variações significativas o alho (11,60%), a cebola (11,31%), as frutas (2,59%) e o leite longa vida (1,96%). Na contramão, a batata-inglesa (-8,72%) e as carnes (-1,43%) ficaram mais baratas.

O aumento de 4,5% no preço dos medicamentos pesou na alta do grupo de saúde e cuidados pessoais. O reajusta, válido desde o dia 31 de março, representa a maior contribuição do mês para a alta de 0,78% do núcleo. Manteve também o impacto o aumento dos planos de saúdes (+0,77%), que seguem com as frações mensais dos reajustes para o ciclo de 2023 a 2024.

Confira abaixo a variação de cada um dos grupos em abril

  • Saúde e cuidados pessoais: 0,78%
  • Alimentação e bebidas: 0,61%
  • Vestuário: 0,41%
  • Despesas pessoais: 0,4%
  • Comunicação: 0,17%
  • Habitação: 0,07%
  • Educação: 0,05%
  • Artigos de residência: 0,03%
  • Transportes: -0,49%

A análise regional mostra que os moradores de Recife (PE) como os mais afetados pela inflação de abril. A alta de 0,57% dos preços na capital é seguida pelas variações de Belém (0,33%), Salvador (0,31%), Rio de Janeiro (0,31%), Brasília (0,23%), Curitiba (0,23%), São Paulo (0,22%), Belo Horizonte (0,14%) e Goiânia (0,8%). Por outro lado, o IPCA-15 oscilou negativamente em Porto Alegre e Fortaleza.

Caminho para novas quedas da Selic

A desaceleração do IPCA-15 é vista como determinante para a manutenção do movimento de queda dos juros. Preocupação central do BC (Banco Central), a inflação é determinante para a variação da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Isso acontece porque os juros mais altos limitam o consumo e contribuem para a queda dos preços.

A retração da inflação se apresenta de modo espalhado, com uma pressão apenas mais significativa na categoria alimentos. Isso abre espaço para redução da taxa básica, movimento este questionado em razão do anúncio recente do não cumprimento das metas fiscais anteriormente definidas.
Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA Business School

A trajetória de desinflação também foi lembrada na última alta do Copom (Comitê de Política Monetária). No documento, o grupo formado por diretores do BC prevê um novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica, para 10,25% ao ano.

Com este dado favorável para o cenário de corte de juros, pode ser que tenhamos uma certa pressão no dólar dado que o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA irão diminuir caso o BC continue o ritmo de 0,5 ponto percentual de queda da taxa Selic.
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital

O que é o IPCA-15

O IPCA-15 foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população. O índice começou a ser divulgado a partir de maio de 2000 e é uma prévia do IPCA, o indicador oficial da inflação no país. Como realiza a medição de preços em um período não calculado pelo IPCA, o indicador mostra qual será a tendência do resultado do final do mês.

Notícias