Ministra paraguaia dá detalhes sobre acordo automotivo com o Brasil
Assunção, 9 dez (EFE).- O setor automotivo do Paraguai terá acesso livre imediato ao mercado do Brasil quando os dois países firmarem em dezembro um novo acordo.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira pela ministra de Indústria e Comércio do Paraguai, Liz Cramer, principal responsável pela negociação pelo lado do governo de Mario Abdo Benítez.
Acompanhada do ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Antonio Rivas, explicou à imprensa os detalhes do "compromisso político" que foi assinado com o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, durante a cúpula do Mercosul, realizada na semana passada na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Segundo a ministra, o pré-acordo prevê que as partes mantenham as tarifas nacionais vigentes até que seja estabelecida uma taxa externa comum do Mercosul, tema que será discutido também com Argentina e Uruguai.
O pacto também estabelece, de acordo com Cramer, "a adoção de regras de origem com padrões de última geração da indústria automotiva e em concordância com os acordos comerciais do Mercosul".
Sobre o livre acesso ao mercado dos dois países, a ministra explicou que isso ocorrerá em quatro etapas, que começariam neste ano e seriam concluídas até 2022, para minimizar os impactos que o acordo representará para o fisco do Paraguai.
"Há certas partes sensíveis para as receitas tributárias, como a importação de veículos novos de origem brasileira, que atualmente é tributada com tarifas estabelecidas por decreto, ou seja, de forma unilateral", afirmou a ministra.
Cerca de 40% dos novos veículos que entraram no Paraguai em 2018 vieram do Brasil. A Coreia do Sul, com 15,5%, e a Argentina, com 10,9%, completam a lista de fornecedores do país, segundo a Câmara Paraguaia de Distribuidores de Automóveis e Máquinas (Cadam).
Apesar disso, Cramer afirmou que o Paraguai continuará importando carros usados, a maior parte deles de origem asiática. Eles chegam pelo Chile e são muito vendidos para a classe média paraguaia.
Já Rivas destacou que o acordo terá um impacto positivo na indústria paraguaia, que produz autopeças que são vendidas sob o regime de "maquila", com benefícios de impostos, para o Brasil.
Paraguai e Brasil trabalham na elaboração do acordo desde o início de julho, quando o governo de Jair Bolsonaro impôs às autopeças paraguaias uma tarifa de importação de 16%. EFE
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