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Menor lagarto das Américas vive no maior cajueiro do mundo no RN

O maior cajueiro do mundo, o Cajueiro de Pirangi, em Parnamirim (RN), na região metropolitana de Natal - Idema - Idema
O maior cajueiro do mundo, o Cajueiro de Pirangi, em Parnamirim (RN), na região metropolitana de Natal
Imagem: Idema
do UOL

Aliny Gama

Colaboração do UOL, em Maceió

19/11/2019 19h48Atualizada em 19/11/2019 21h27

O menor lagarto das Américas: o lagarto-de-folhiço (Coleodactylus natalensis Freire) foi encontrado vivendo no maior cajueiro do mundo, o Cajueiro de Pirangi, em Parnamirim (RN), na região metropolitana de Natal. O animal mede cerca de 22 milímetros e só é encontrado no Rio Grande do Norte.

É a primeira vez que o pequeno lagarto, endêmico de remanescente de mata atlântica do Rio Grande do Norte, foi achado no cajueiro. O animal está na lista de espécies ameaçadas de extinção, segundo pesquisadores, e vive entre o folhiço, que compõe a serrapilheira (camada de folhas mortas) do substrato da mata.

A descoberta de que o Cajueiro de Pirangi é também habitat do lagarto-de-folhiço foi feita por funcionários do local, durante limpeza e poda da árvore, recentemente, segundo o Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente).

A espécie foi encontrada pela primeira vez há 20 anos, durante pesquisa acadêmica no parque das Dunas, em Natal, pela professora titular da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Eliza Maria Xavier Freire, que é doutora em zoologia. A pesquisa concluiu que o lagarto-de-folhiço é o menor lagarto das Américas do Sul, Central e do Norte.

O lagarto-de-folhiço mede cerca de 22 milímetros e só é encontrado no Rio Grande do Norte - Mica Carboni / Idema - Mica Carboni / Idema
O lagarto-de-folhiço mede cerca de 22 milímetros e só é encontrado no Rio Grande do Norte
Imagem: Mica Carboni / Idema

O lagartinho também já foi encontrado no parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, parque estadual Mata da Pipa e Mata do Jiqui, todos localizados no Rio Grande do Norte.

A professora explica que o lagarto não chegou de forma repentina ao Cajueiro de Pirangi, pois a árvore faz parte da área da mata atlântica potiguar, que vem sofrendo fragmentação ao longo dos anos. A vegetação encontrada no parque das Dunas e no Cajueiro de Pirangi é semelhante e, por isso, é um fator em comum para a existência da espécie nesses locais.

"Os locais que mantiveram o sombreamento da floresta, o folhiço abundante no chão com alimento e uma umidade mais alta, são os lugares preferidos dessa espécie. O cajueiro [de Pirangi] fazia parte dessa área florestada original ao longo da costa potiguar, se isolou e manteve uma população de Coleodactylus natalensis Freire", diz a professora.

A primeira coleta do lagarto-de-folhiço no cajueiro de Pirangi foi feita por João Leocádio, Otoniel Miranda e Michela Carboni, que trabalham no local. Após a suspeita que o réptil coletado se tratava do lagarto-de-folhiço, a professora Eliza Freire foi chamada para fazer parte da pesquisa para identificação do animal em laboratório.

Com a descoberta do lagarto-de-folhiço, o cajueiro de Pirangi tem um atrativo a mais para o turismo. Entretanto, a pesquisadora Eliza Freire alerta que deve haver preservação do local para que a biodiversidade seja preservada. Ela afirma que a área de mata não pode ser pisoteada, com a visitação e trilhas fora do folhiço, como já ocorre atualmente.

"É importante divulgarmos um fato como este para ressaltarmos a importância de se preservar o local para que tenhamos mais informações sobre nossa biodiversidade e possamos lutar pela adoção de políticas públicas e ações estratégicas voltadas à conservação", afirma a especialista.

O Cajueiro de Pirangi é considerado o maior cajueiro do mundo, registrado no Guinness World Records, desde 1995. A árvore ocupa em uma área de 8.500 metros quadrados, com perímetro de aproximadamente 500 metros, na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim. A árvore tem 130 anos e foi plantada por um índio, segundo a prefeitura de Parnamirim.

Estudos apontaram que a planta central tem uma conjunção de anomalias genéticas. Os galhos cresceram lateralmente, gerando outras ramificações com raízes de até dez metros de profundidade.

Devido ao peso, os galhos esparramados para os lados se curvam, chegam ao solo e criam raízes. Em seguida, os galhos que se transformaram em raízes crescem para cima como se fossem troncos de um novo cajueiro. Estudos genéticos em galhos e troncos que saem da planta central que apontaram que eles são geneticamente iguais, ou seja, fazem parte de uma única árvore.

O local é aberto para visitação todos os dias, das 7h30 às 17h30. A entrada custa R$ 8. Crianças, estudantes e professores pagam meia-entrada.

Menor lagarto do mundo, o lagarto-de-folhiço tem 22 milímetros e só encontrado no RN

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