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Mediador atribui a partido de Morales dificuldades para diálogo de paz na Bolívia

17/11/2019 15h22

Em quase um mês, a crise política já deixou 23 mortos na Bolívia. O novo balanço de vítimas foi publicado neste domingo pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Um integrante do Comité Nacional de Defesa da Democracia (Conade) da Bolívia, entrevistado pela RFI, atribui ao partido Movimento ao Socialismo (MAS) do ex-presidente Evo Morales as dificuldades para o diálogo de paz na Bolívia.

Rolando Villena, ex-defensor do povo e integrante do Conade, tenta iniciar o diálogo entre o governo provisório e o MAS. O comité participou do movimento, ao lado da oposição ao ex-presidente, pela renúncia de Morales após sua questionada vitória a um quarto mandato, nas eleições de 20 de outubro. O Conade tem o apoio da Conferência dos Bispos do país, mas Villena não está otimista com as negociações visando superar a atual polarização boliviana.

Segundo ele, "existe uma vontade de aproximação, mas não há ainda condições para o diálogo. Dentro do próprio partido MAS de Evo Morales há posições divergentes. Tem gente que aceita finalmente que o ex-presidente não volte e aceita a nova presidente interina; e tem os que não aceitam e dizem que Morales tem que voltar. Não vamos desistir, mas temos que ser realistas. É necessário haver uma verdadeira vontade política e hoje, não podemos falar em pacificação."

CIDH denuncia decreto do governo interino

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciou como "grave" um decreto do governo interino que autoriza os militares a controlar a ordem pública, ao mesmo tempo que isenta os oficiais de responsabilidades penais. A CIDH revisou de cinco para nove o número de mortos nos confrontos entre camponeses e forças do exército e da polícia na sexta-feira (15), na cidade rural de Cochabamba. O balanço da comissão coincide com o da Defensoria do Povo de Cochabamba, mas diverge dos números do governo. La Paz mantém em cinco o número partidários de Morales mortos na sexta-feira.

O ex-presidente boliviano, exilado no México desde terça-feira (11), foi mais duro em sua critica contra o decreto que "blinda os militares". No Twitter, ele escreveu que o texto "é uma carta branca de impunidade para massacrar o povo".

O ministro da Presidência, Jerjes Justiniano, se defendeu dizendo que o dispositivo "não é uma licença para matar". Elle "é um elemento dissuasivo. O que o governo pretende é evitar o confronto, que aconteçam mais mortes", disse Justiniano.

A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, denunciou no sábado (16) "o uso desnecessário e desproporcional da força pela polícia e pelo Exército" que pode levar a situação na Bolívia a "sair do controle".

Neste final de semana, o enviado da ONU ao pais, Jean Arnault, começou a entrar em contato com autoridades do governo interino de Jeanine Áñez e organizações sociais para tentar restaurar a paz na Bolívia, agravada após a renúncia do ex-presidente Evo Morales no domingo (10) da semana passada. As manifestações de apoio a Morales continuam.

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