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Legalizadas, rinhas de galo são negócio milionário na Tailândia

21/09/2019 10h16

(Corrige título).

Noel Caballero.

Samut Prakan (Tailândia), 21 set (EFE).- Dois galos se enfrentam em uma arena, onde na arquibancada os espectadores incentivam o animal favorito e, através de gestos, fazem apostas, uma tradição legalizada que movimenta milionárias quantias de dinheiro na Tailândia.

"Queremos potencializar a economia através das rinhas de galo, para que todos se beneficiem, desde os agricultores e granjeiros até os torcedores", disse à Agência Efe o presidente da Associação para a Conservação dos Galos de Briga na Tailândia, Lerdchai Horbunluekit.

Não há dados oficiais sobre o dinheiro gerado por essa prática, regulamentada no país asiático e que se remonta ao reinado de Naresuan (1590-1605), mas alguns dos galos podem chegar a custar até 5 milhões de bat (cerca de R$ 652 mil) e as apostas durante uma única rinha podem alcançar os 10 milhões de bat (R$ 1,3 milhão).

Na província de Samut Prakan, localizada nos arreadores da Região Metropolitana de Bangkok, está o estádio Terdthai, considerado o templo dessa prática na Tailândia. No local, são realizadas rinhas de galo a cada 15 dias.

A arena conta com 20 pequenos ringues onde os animais se enfrentam. Para entrar no local, os visitantes devem se submeter à medidas de segurança rígidas.

No centro do estádio, que tem capacidade para 500 pessoas, há um espaço principal, que é reservado para as batalhas mais importantes, entre animais com destaque no circuito nacional.

A maior soma de apostas registrada neste até hoje no local é também o recorde nacional: 33,7 milhões de bat (R$ 4,4 milhões) arrecadados em fevereiro de 2018.

Cada rodada das rinhas tem duração de 22 minutos e o número de assaltos é combinado previamente entre os treinadores - sem ultrapassar o limite de 8. Após o sinal, as aves correm, batem as asas e atacam sem intervalo, até que um dos galos se retire derrotado ou seja derrubado pelo rival três vezes.

Enquanto isso, o barulho na arquibancada é ensurdecedor, devido aos gritos do público.

Através de olhares, gritos e uma singular linguagem de gestos, os espectadores buscam outros torcedores com quem possam apostar dinheiro em um dos competidores.

Em menos de dez minutos, uma das pessoas entre o público aposta 25 mil bat (R$ 3,2 mil), um valor superior à média salarial do país.

Embora na Tailândia as apostas sejam ilegais, a Lei do Jogo de 1935 conta com um adendo em que o Ministério do Interior concede licenças especiais, que devem ser renovadas a cada evento e que permitem um limite de três rinhas de galo por mês.

Além disso, a prática foi reconhecida como "tradicional" pela Lei contra os maus-tratos animais, aprovada em 2014. Há uma condição no texto de queos animais não sejam torturados ou morram durante as disputas.

"Trabalhamos em várias leis para ampliar a proteção dos galos", garante Lerdchai Horbunluekit, da Associação de Galos de Briga.

Isso não impede, contudo, que em as províncias do país ou até mesmo em algum popular bairro do centro de Bangkok as rinhas de galos continuem sendo realizadas quase diariamente e com proteções bem menos rígidas para os animais.

"Investi muito dinheiro nos galos, não quero que aconteça nada com eles, nem que morram. Se perdem, servem para criar. Para mim, são como animais de estimação", disse à Efe Thotsaphol Aphiwatanasiri, dono de Petchnikom, que venceu o último combate antes da conversa e rendeu ao dono de 440 mil bat (R$ 58 mil).

O criador tailandês afirma que, entre ele e os sócios, foram investidos um valor equivalente a R$ 2 milhões em galos de briga.

Petchnikom, por exemplo, havia sido adquirido recentemente por 330 mil bat (R$ 43 mil), ainda que esteja longe do maior valor já pago por um galo, que superou os 5 milhões de bat (R$ 652 mil).

Segundo o presidente da associação, é possível movimentar aproximadamente 4 milhões de bat (522 mil reais) na compra e venda de galos por semana.

"O comércio de galos atualmente é muito bom, graças às redes sociais, que facilitam o diálogo entre compradores e vendedores", contou Lerdchai. EFE

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