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Cardeal admite que Igreja destruiu arquivos sobre abusos

23/02/2019 10h24

CIDADE DO VATICANO, 23 FEV (ANSA) - O cardeal alemão Reinhard Marx, coordenador do Conselho de Economia do Vaticano, admitiu neste sábado (23), durante a reunião episcopal convocada pelo papa Francisco para discutir o combate à pedofilia, que a Igreja Católica destruiu arquivos sobre abusos no clero.   

Marx, também arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, discursou para os prelados reunidos no Vaticano e defendeu mudanças no código de segredo que sempre vigorou no clero e o aumento da transparência.   

"Os arquivos que poderiam ter documentado esses atos terríveis e indicado os nomes dos responsáveis foram destruídos ou nem chegaram a ser criados", disse o cardeal, um dos aliados mais próximos de Francisco. De acordo com ele, a Igreja também agiu para silenciar vítimas, o que contribuiu para aumentar a crise e afastar fiéis.   

Em seu pronunciamento, Marx citou medidas que devem ser implantadas "imediatamente", como uma definição mais clara dos fins e dos limites do segredo pontifício e o estabelecimento de regras transparentes para processos eclesiásticos.   

Além disso, pediu a "comunicação ao público do número de casos e dos relativos detalhes sempre que possível" e a "divulgação de atos judiciários". "Não existem alternativas à transparência", declarou. Segundo Marx, a Igreja deve inclusive contar com "especialistas externos" para aumentar a transparência.   

Freira - O cardeal alemão falou na sequência da freira nigeriana Veronica Openibo, superiora-geral da Sociedade do Santo Menino Jesus e que também cobrou mais transparência no clero.   

"Não escondamos mais esses fatos por medo de errar.   

Frequentemente, queremos estar tranquilos até a tempestade acabar, mas a tempestade não passará. É nossa credibilidade que está em jogo", disse.   

Openibo citou inclusive o filme vencedor do Oscar "Spotlight", que relata o escândalo de abusos na Igreja de Boston, EUA, e disse ter "derramado lágrimas de dor" ao assistir ao longa.   

"Como a Igreja pôde se calar, cobrindo aquela atrocidade? O silêncio, os segredos levados no coração de quem cometeu abusos, a duração dos abusos e as constantes transferências dos autores são inimagináveis", acrescentou.   

Esse é o terceiro dos quatro dias da cúpula convocada pelo Papa, sendo que os dois primeiros foram dedicados aos temas da responsabilidade e da prestação de contas. O encontro termina neste domingo (24) e deve definir regras mais claras para combater a pedofilia. (ANSA)
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