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Carlos Ghosn aceita renunciar da Renault na véspera de sua destituição

23/01/2019 09h35

Paris, 23 jan (EFE).- O executivo brasileiro Carlos Ghosn, que está preso no Japão por diversas irregularidades em sua gestão no comando da Nissan, aceitou renunciar como presidente da Renault, que nesta quinta-feira reúne o seu Conselho de Administração para substituí-lo e designar sua nova diretoria.

Uma fonte próxima de Ghosn, citada nesta quarta-feira pela publicação francesa "Les Echos", explicou que na semana passada o executivo foi informado através dos representantes do Estado francês, que é o principal acionista da Renault com 15,01% do capital da empresa, e dos advogados do grupo sobre a vontade de iniciar uma nova governança "duradoura".

"Ele sempre disse que não queria ser um obstáculo nem para a Renault nem para a aliança" com a Nissan, ressaltou a fonte, que acrescentou que Ghosn tem a intenção de se aposentar.

Ghosn foi rapidamente destituído do comando da Nissan após sua detenção em Tóquio em 19 de novembro, enquanto a Renault optou por mantê-lo formalmente no cargo em nome da presunção de inocência e nomeou uma diretoria provisória.

Se a vontade de renunciar se confirmar, os outros 18 membros do Conselho de Administração da Renault evitariam o mal-estar de ter que destituir Ghosn, que tem 64 anos.

O fato é que ontem, quando começaram a circular as informações sobre uma possível renúncia, o ministro de Economia e Finanças da França, Bruno Le Maire, afirmou que a Renault ainda não tinha sido notificada sobre a mesma, em entrevista à emissora "BFMTV".

Le Maire também se referiu ao nome que desponta como o principal favorito para se transformar no próximo presidente da Renault, o atual "número 1" do grupo francês de pneus Michelin, Jean-Dominique Senard.

"A nosso parecer, Jean-Dominique Senard seria um excelente presidente da Renault", ressaltou o ministro francês, que também especificou que o Estado acionista é favorável a uma separação das funções de presidente e de diretor-geral executivo.

Isso também abre as portas para um cenário mais verossímil: que Thierry Bolloré, que desde a detenção de Ghosn em Tóquio há dois meses exerce a função de CEO provisório com as competências executivas, seja o executivo-chefe da empresa automobilística.

Nesse caso, Bolloré, que era o braço direito de Ghosn, terá como principal responsabilidade gerenciar as operações do grupo Renault em associação com seus sócios da Nissan, com a qual as relações se mostraram delicadas nos dois últimos meses. EFE

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