Prisão de estudante burquinabê ilegal durante aula causa comoção na França
A prisão de uma aluna de origem burquinabê em situação ilegal em uma escola do nordeste da França suscita forte polêmica no país. A ministra francesa da Educação, Elisabeth Borne, lembrou que operações policiais desta natureza em escolas são "estritamente proibidas".
A prisão da adolescente ocorreu na semana passada, mas o caso veio à tona apenas nesta semana, após a mobilização de sindicatos de professores. Segundo o jornal Le Parisien, a tensão é imensa na escola Paul-Verlaine, em Maizières-lès-Metz, no nordeste do país, onde a garota estudava. Funcionários do estabelecimento exigem da direção explicações sobre a detenção, que classificam de "chocante".
A operação policial ocorreu no último 22 de janeiro, em um momento em que a jovem burquinabê, que cursava a classe equivalente à oitava série, assistia à uma aula de francês. Após ser prevenida pela polícia local sobre a realização da intervenção, a direção da escola retirou a adolescente da sala de aula e a levou para um escritório administrativo da instituição, onde a garota foi detida por policiais.
Segundo informações obtidas pelo jornal Le Parisien, a aluna foi reunida à mãe e ao irmão, antes de serem expulsos à Bélgica, onde fizeram um pedido de asilo. Os três fugiram de Burkina Faso após o golpe de Estado de 2022. O pai da jovem está preso no país.
Discurso anti-imigração ganha força na França
O jornal Le Figaro destaca que o caso vem à tona na França no momento em que o ministro francês do Interior, Bruno Retallieau, do partido conservador Os Republicanos, acirra o tom contra a imigração. No início desta semana, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, também suscitou uma imensa polêmica ao evocar, durante uma entrevista na TV, um "sentimento de submersão" imigratória na França.
O governo deve apresentar na primeira semana de fevereiro um relatório sobre a chegada de imigrantes à França. Apesar da ascensão de discursos xenófobos nas últimas semanas, que fazem eco à nova política do governo de Donald Trump, o documento deve apontar uma diminuição dos pedidos de asilo na França em 2024: cerca de 131 mil, do total de pouco mais de 1,1 milhão em toda a Europa.