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Torres critica investigação da PF sobre PRF: 'Não seguiu o padrão de zelo'

Ex-ministro da Justiça durante governo Bolsonaro, Anderson Torres presta depoimento à CPI do 8 de Janeiro - 8.ago.2023 - Sergio Lima/AFP
Ex-ministro da Justiça durante governo Bolsonaro, Anderson Torres presta depoimento à CPI do 8 de Janeiro Imagem: 8.ago.2023 - Sergio Lima/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

24/01/2025 19h59Atualizada em 24/01/2025 20h43

A defesa de Anderson Torres, ministro da Justiça no governo Bolsonaro, afirmou que a investigação sobre os bloqueios da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no segundo turno das eleições de 2022 "não seguiu o padrão de zelo e cuidado que a Polícia Federal costuma ter em suas investigações".

O que aconteceu

"O relatório final da Polícia Federal está completamente dissociado da realidade dos fatos", afirma advogado. Segundo Eumar Novacki, o documento não traria provas de que Torres agiu para restringir, impedir ou dificultar o exercício de direitos políticos por eleitores baianos ou nordestinos, o que seria crime.

Defesa afirma ainda que não há depoimento que indique interferência direta de Torres no "regular andamento do processo eleitoral". Segundo Novacki, seção baiana da Polícia Federal disse não ter agido em conjunto com PRF.

Ex-diretora relatou ordem de Anderson Torres na eleição: 'Todo mundo na rua'. O colunista do UOL Aguirre Talento revelou que Marília Alencar admitiu à Polícia Federal que o ex-ministro determinou o aumento das equipes nas ruas no segundo turno da eleição presidencial e tentou alterar o planejamento feito pela Polícia Federal.

Ordem foi dada em reunião após o primeiro turno. Marília afirmou que Torres se baseou em notícias falsas sobre compra de votos e pediu um novo planejamento após saber que o policiamento ficaria concentrado nas áreas próximas às capitais.

Polícia Federal apontou vínculo entre investigações sobre plano de golpe e ação da PRF. O relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal afirma que Torres fez pressão para aumento do policiamento no dia do segundo turno das eleições em 2022, principalmente na Bahia — onde o então candidato Lula (PT) tinha uma das votações mais expressivas.

Houve uma atuação orquestrada deliberada pelo ministro da Justiça, empregando recursos materiais e humanos do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal como força armada para criar óbices e intimidação aos eleitores do Nordeste, com a finalidade de alterar o resultado das eleições presidenciais de 2022 e favorecer a manutenção na Presidência da República de Jair Messias Bolsonaro.
Trecho do relatório da Polícia Federal

PRF teve quatro ex-membros indiciados por envolvimento nos bloqueios. O UOL revelou que Adiel Pereira Alcântara, Djairlon Henrique Moura, Luis Carlos Reischak Júnior e Rodrigo Cardozo Hoppe foram acusados dos crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito de voto e participação por omissão no crime de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito por meio da restrição do exercício dos poderes constitucionais.

Indiciado relatou ter ficado "desconfortável" com ordens no segundo turno de 2022. Em depoimento à Polícia Federal, Alcântara afirmou que questionou superiores sobre as justificativas para as determinações que levariam aos bloqueios no dia da eleição e, em resposta, ouviu que as medidas eram ordens do então diretor-geral da instituição, Silvinei Vasques.

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