PF diz a Moraes ser contra devolução de celular e computador de Braga Netto

A Polícia Federal informou ser contra a devolução de dispositivos eletrônicos do general Braga Netto, em manifestação enviada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quinta-feira (23).
O que aconteceu
Corporação afirma ser necessária a manutenção dos bens do general. "A Polícia Federal entende necessária a manutenção da custódia dos referidos bens apreendidos para fins de eventual confronto e realização de nova extração pericial", disse, em manifestação enviada.
Itens incluem celular, computador e pendrives. A defesa do general pediu a devolução dos dispositivos eletrônicos apreendidos pela PF na investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado. Os objetos foram recolhidos em quatro locais relacionados ao ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em 8 de fevereiro de 2024.
Defesa diz que aparelhos não precisam mais ficar apreendidos e podem ser devolvidos. Os advogados argumentaram que os conteúdos dos aparelhos já foram extraídos e utilizados na elaboração do relatório final da investigação, que resultou no indiciamento de Braga Netto.
Indiciamento e prisão
Braga Netto foi indiciado por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa. Ele teria ajudado a coordenar uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, contou que Braga Netto recebeu dinheiro para execução de um plano que planejava matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
PF afirma que Braga Netto tentou "controlar as informações fornecidas" na delação de Cid. Os indícios apontam que o ex-ministro falou sobre o assunto com o general Mauro Lourena Cid, pai do delator, logo após ele fechar o acordo com a Polícia Federal, em setembro de 2023. Para a polícia, isso configura uma tentativa de atrapalhar as investigações, o que justifica a prisão.
Além da obstrução de Justiça, um novo depoimento de Cid reforçou os indícios contra Braga Netto. No último dia 21 de novembro, Cid afirmou que o ex-ministro ajudaria a financiar um suposto plano para matar autoridades. Cid, que havia isentado Braga Netto de culpa ao fechar delação, mudou sua versão e disse que o general entregou dinheiro aos chamados "kids pretos", militares das Forças Especiais do Exército. Segundo Cid, o dinheiro foi entregue a Braga Netto pelo "pessoal do agronegócio".
Segundo a PF, Braga Netto e o pai de Cid tiveram "intensa troca de mensagens" e ligações. Os dois se falaram em 8 de agosto de 2023, três dias antes da operação que fez buscas contra o pai de Cid no caso das joias desviadas da Presidência da República. A partir daquele ponto, conforme a instituição, o ex-ministro passou a monitorar uma possível delação de Mauro Cid.
General está sendo mantido na 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Como general quatro estrelas, a patente mais alta da corporação, ele tem direito à chamada sala de Estado-Maior, com ar-condicionado, televisão e banheiro exclusivo.
*Com informações do Estadão Conteúdo