'Gratos a Trump': invasores do Capitólio dos EUA começam a deixar prisão

Um dia após o recém-empossado presidente Donald Trump anunciar "perdão completo" a 1,5 mil invasores do Capitólio dos Estados Unidos, alguns dos réus começaram a deixar a prisão nesta terça-feira (21).
O que aconteceu
Entre os invasores soltos, estão lideranças de milícias de extrema-direita dos EUA. Um deles foi Stewart Rhodes, ex-líder do grupo Oath Keepers e um dos organizadores do ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
"Estamos profundamente gratos ao presidente Trump por suas ações hoje", disse a defesa de Rhodes. A declaração do advogado James Lee Bright foi dada à agência de notícias Associated Press após o anúncio de Trump durante a cerimônia de posse presidencial na rotunda do capitólio, mesmo local invadido e depredado por seus apoiadores quatro anos antes.
Condenado a 18 anos de prisão em 2023, Rhodes deixou presídio federal em Cumberland, Maryland, nas primeiras horas do dia. Ele foi a primeira pessoa acusada pela invasão da sede do poder legislativo dos EUA a ser sentenciada por conspiração sediciosa. À época da condenação, ao proferir sua sentença, o juiz distrital Amit afirmou que Rhodes representa uma ameaça aos EUA e desejava que "a democracia no país se transforme em violência".
No momento em que for solto, quando for, sei que voltará a ficar pronto para pegar em armas contra o seu governo. Juiz distrital Amit Mehta, em maio de 2023, antes de proferir sentença condenatória contra Stewart Rhodes
Outro líder extremista deve ser libertado ainda nesta terça. Uma das lideranças do grupo radical Proud Boys, Enrique Tarrio, foi condenado a 22 anos de prisão por conspirar contra os EUA. Mas seu advogado indicou na segunda-feira que ele estava se preparando para ser liberado e que sua pena foi substituída.
"Era de ouro para quem viola a lei"
Perdão de Trump a 1.500 réus causou indignação entre parlamentares que estiveram em perigo no ataque de 6 de janeiro de 2021. Naquele dia, milhares de apoiadores de Trump invadiram o Capitólio, em Washington, em uma tentativa malsucedida de impedir que o Congresso certificasse a derrota do republicano em 2020 para Joe Biden.
"Donald Trump está inaugurando uma Era de Ouro para pessoas que violam a lei e tentam derrubar o governo", disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. O ataque ao Capitólio foi estimulado pela recusa de Trump em reconhecer sua derrota, o que ameaçou a transferência pacífica de poer pela primeira vez na história dos EUA. Cerca de 140 policiais foram agredidos durante o ataque e quatro pessoas morreram durante o caos.
Durante sua campanha, presidente eleito chamou a data da invasão de "dia do amor". Ele também classificou os invasores de "patriotas" e "reféns". Em várias ocasiões, se referiu aos indiciados como "nós", enquanto grupos radicais que participaram dos ataques passaram a fazer parte de seus comícios, em 2024. Até aqui, 18 réus foram acusados de conspiração, 915 indivíduos se declararam culpados pela invasão e quatro por conspiração contra os EUA. Segundo apurado por Jamil Chade, 605 pessoas foram sentenciadas a períodos de encarceramento e mais 141 réus sentenciados a períodos de encarceramento em que lhes foi permitido cumprir a totalidade de sua sentença em prisão domiciliar.
Perdão de Trump foi apenas um de um conjunto de decretos que ele assinou após a cerimônia de posse na segunda. Na ocasião, entre outras medidas, Trump também deu início a uma ampla repressão à imigração e se retirou do acordo climático de Paris e da Organização Mundial da Saúde (leia mais aqui).
*Com informações da Reuters e Deutsche Welle