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COP30 em Belém: qual vai ser o papel do Brasil na Conferência do Clima?

Brasil pode ser protagonista na primeira COP na Amazônia - iStock
Brasil pode ser protagonista na primeira COP na Amazônia Imagem: iStock
do UOL

Bárbara Muniz Vieira

Colaboração para o UOL, de Ottawa (Canadá)

21/01/2025 05h30

A realização da COP30 em Belém, em novembro de 2025, pode marcar um momento crucial para o Brasil reafirmar sua posição de liderança em pautas ambientais. Com sua rica biodiversidade, o maior bioma tropical do planeta e experiência em soluções renováveis, o Brasil tem "vocação" para contribuir para as discussões globais sobre mudanças climáticas e transição energética.

A relevância dessa edição vai além do território nacional, porém. Para o professor titular do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo, a COP30 é "na" floresta e não "da" floresta. Assim, a COP não é do Brasil, mas de todo o planeta.

É muito importante enfatizar que esta COP não é a COP da Amazônia, não é a COP do Brasil, é a COP que vai regular o clima do planeta como um todo. Então nós temos que ter uma visão planetária, não uma visão do seu município, da sua comunidade. Nós estamos tentando fazer com que o clima do planeta se estabilize e não se desregule completamente, o que poderia trazer consequências terríveis para os ecossistemas, à população e ao futuro do nosso planeta.
Paulo Artaxo, professor titular do IF (Instituto de Física) da USP

Definição de prioridades

O Brasil enfrenta o desafio de definir suas prioridades e estratégias para a conferência, já que isso ainda está em construção. "Ainda estamos no processo de construção do nosso posicionamento para a COP. E isso vai se intensificar, obviamente, a partir de fevereiro e março, e vai ser discutido ao longo de 2025, para que o Brasil tenha posições claras, fortes e explícitas sobre como pode ajudar o planeta inteiro a sair dessa crise climática, eliminar a produção e o consumo de combustíveis fósseis e estabilizar o clima do nosso planeta", diz o professor Paulo Artaxo.

O que esperar da COP30?

Brasil como protagonista. De acordo com especialistas, esta é a oportunidade para nós mostrarmos ao mundo o papel central que desempenhamos na construção de um futuro mais verde.

Preservação da Amazônia mais forte. Belém, como porta de entrada para a floresta amazônica, será o palco para destacar iniciativas de preservação ambiental e combate ao desmatamento. A proteção do bioma é crucial para atingir as metas globais de redução de emissões de carbono e combater os impactos da crise climática.

Com bons números, o Brasil tem mais chances de receber apoio e reconhecimento internacional. O desmatamento da Amazônia tem caído sob o governo Lula. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, a taxa Prodes de desmatamento na Amazônia Legal foi de 9.064 km². Já entre agosto de 2023 e julho de 2024, essa taxa caiu para 6.288 km², representando uma redução de 30,6%. Portanto, comparando os dois períodos, houve uma diminuição de 2.776 km² no desmatamento da Amazônia.

Dinheiro externo pode desenvolver políticas ambientais no país. O Brasil deve aproveitar a COP para atrair investimentos internacionais para a Amazônia, apresentando soluções baseadas na bioeconomia e no fortalecimento das comunidades locais.

Expansão do mercado de carbono. A regulamentação e o fortalecimento do mercado de créditos de carbono podem colocar o Brasil como um dos protagonistas na transição climática global. Além de ser uma ferramenta essencial para financiarmos a conservação, o país pode apresentar propostas que incentivem empresas e governos internacionais a aderirem à neutralidade de emissões.

Promoção de soluções energéticas sustentáveis. O Brasil é um dos poucos países no mundo com uma matriz energética predominantemente renovável, e tem iniciativas de sucesso como o etanol, biodiesel e energia solar. Essa experiência pode ser um modelo para outros países em desenvolvimento.

Fontes renováveis. A diversificação de fontes como energia eólica, solar e biomassa, é um diferencial que coloca o país à frente de muitos outros no mundo. O programa de etanol, consolidado como uma referência global, e o avanço nas pesquisas sobre hidrogênio verde reforçam o potencial brasileiro.

Defender o etanol como alternativa verde. O etanol é uma solução de baixo custo e alta eficiência que pode ser replicada em outros países. Um discurso forte nesse sentido pode beneficiar não apenas o Brasil, mas também nações que buscam transição energética a curto prazo.

Temos a missão de resgatar a importância da COP no âmbito internacional. A primeira COP na Amazônia já garante nossa representatividade, mas ainda teremos a efeméride de dez anos do Acordo de Paris, que será revisto, o que fará da Conferência do Clima ainda mais importante este ano.
Pedro Côrtes, Professor Titular do Instituto de Energia e Ambiente (IEE ) da USP

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