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Milei rouba a cena em Baile Hispânico de Trump ao qual Bolsonaro não pôde comparecer

19/01/2025 09h19

O Baile de Posse Hispânico, um dos eventos mais prestigiados da comunidade latina nos Estados Unidos, foi realizado na noite deste sábado (18) em Washington. O presidente argentino, Javier Milei, recebeu um prêmio e foi exaltado no local por ícones da extrema direita americana. No Brasil, Jair Bolsonaro chegou a chorar por ter sido proibido pelo Supremo Tribunal Federal de deixar o país para participar da posse de Donald Trump. 

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Washington

A dois dias da volta de Donald Trump ao poder, o Baile de Posse Hispânico consolidou seu papel como uma vitrine de influência política e cultural ao reunir figuras ultraconservadoras de destaque, como o senador Marco Rubio, indicado para liderar o Departamento de Estado, e a governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, cotada para assumir o Departamento de Segurança Interna. 

A chegada do presidente argentino, Javier Milei, foi o ponto alto da noite. Cercado por uma multidão de jornalistas e fotógrafos, ele recebeu o prêmio "Titã da Reforma Econômica" e foi saudado por Vivek Ramaswamy, empresário e político americano, que o chamou de "inspiração".

Em seu discurso, Milei destacou as reformas econômicas que tem conduzido na Argentina. "Hoje, me honram com a distinção de Titã da Reforma Econômica. O título é apropriado, dada a dimensão e a complexidade das mudanças que estamos implementando no meu país", afirmou.

O presidente argentino reiterou seu compromisso com o Estado mínimo e criticou duramente a esquerda. "O socialismo é uma doença da alma, que leva à miséria, como ocorreu na Argentina. A desregulação é o único caminho bem-sucedido; é o caminho da motosserra", declarou, em referência ao símbolo de sua política econômica.

Patriotismo e religião

Com o objetivo de celebrar as contribuições da comunidade hispânica, o evento reuniu políticos, empresários e artistas em um ambiente que combinava apelos patrióticos e mensagens de fé cristã. A cerimônia foi iniciada com uma bênção do pastor Johnny Perez, que proclamou: "Deus está do nosso lado!".

Entre os convidados de honra estavam o recém-eleito senador Bernie Moreno, conhecido por sua postura polêmica sobre imigração, e Robert F. Kennedy Jr., indicado para o Departamento de Saúde. Também marcaram presença Donald Trump Jr. e sua ex-noiva Kimberly Guilfoyle, que deve assumir a embaixada americana na Grécia. Além de Milei, o presidente paraguaiao, Santiago Peña, representou a América do Sul.

Bolsonaro ausente e Milei em ascensão

Jair Bolsonaro foi proibido de viajar aos Estados Unidos por uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O ex-presidente teve o passaporte apreendido no ano passado por ser alvo de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil

"Chateado" e "abalado", Bolsonaro acompanhou a esposa, Michelle, ao aeroporto de Brasília no sábado. Ela participará da posse de Trump e teve direito a uma despedida emocionada do ex-presidente brasileiro, que não conteve as lágrimas. "Obviamente seria muito boa a minha ida lá", disse à imprensa local.

A ausência de Bolsonaro abriu espaço para Milei brilhar como principal representante da agenda ultraconservadora latino-americana no evento. Sua retórica firme e postura provocadora consolidam sua projeção internacional como um dos líderes mais influentes da extrema-direita na região.

Prévia das prioridades de Trump

O evento também serviu para sinalizar as diretrizes da nova administração Trump, incluindo políticas mais duras de imigração e deportação em massa. A governadora Kristi Noem, indicada para liderar o Departamento de Segurança Interna, será uma figura central na implementação dessas medidas.

O baile ainda foi marcado pelo podcast especial de Steve Bannon, transmitido ao vivo. Estrategista-chave da extrema direita americana, Bannon recentemente saiu da prisão, onde cumpriu pena por desacato no caso da invasão ao Capitólio.

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