Porto Velho registra onda de violência por grupos criminosos com 13 mortos

BRASÍLIA (Reuters) -A capital de Rondônia, Porto Velho, tem sido palco nos últimos dias de uma onda de violência que deixou 13 mortos em ataques criminosos e confrontos armados, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira pelo governo estadual, que pediu o apoio da Força Nacional de Segurança Pública para combater a criminalidade.
Oito pessoas foram mortas em ataques de facções criminosas e outras cinco morreram em confrontos com a polícia desde a manhã de terça-feira, quando começaram os atos criminosos, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania. Foram efetudas 14 prisões e 7 armas de fogo foram apreendidas.
Mais de 20 ônibus, boa parte deles escolares, foram incendiados, o que levou autoridades a reduzirem o horário de funcionamento do transporte coletivo, que também tem circulado pela cidade com escolta policial.
A polícia de Porto Velho afirma que os ataques são uma retaliação da facção criminosa Comando Vermelho a ações policiais realizadas nos últimos meses em um conjunto habitacional da cidade dominado pela organização criminosa, de acordo com o portal de notícias G1.
Criado no Rio de Janeiro, onde controla diversas comunidades, o Comando Vermelho tem crescido em influência na região amazônica nos últimos anos.
Segundo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os atos de violência em Porto Velho decorrem de uma reação do Comando Vermelho à morte de uma liderança do grupo. A facção predomina na Região Norte, ainda que Roraima tenha maior presença de outro grupo criminoso, o Primeiro Comando da Capital (PCC), fundado em São Paulo.
Segundo Lima, a violência na Região Norte era historicamente ligada a conflitos relacionados à expansão da fronteira agrícola e ações ligadas a causas ambientalistas e aos povos originários. Contudo, o estudioso disse que a violência na região mudou de patamar a partir de 2017 diante da disputa de grupos criminosos pelo controle de território e de rotas do tráfico de drogas para os mercados consumidores.
Soma-se a isso, acrescentou, as polícias locais tem baixa capacidade institucional para fazer frente a esse avanço do crime organizado. Rondônia, por exemplo, tem 1.342 quilômetros de extensão de fronteira com a Bolívia, um dos maiores países produtores de cocaína do mundo.
"A Amazônia é um ambiente perfeito para o crime, as facções controlam o território e definem as normas", disse Lima.
Em seu mais recente anuário, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública alertou para o aumento da criminalidade na última década na Região Norte. Em 2023, as mortes violentas intencionais na região alcançaram a taxa de 34 por 100 mil habitantes, praticamente o dobro da média nacional, sendo somente superada pela Região Nordeste, com 36,5.
"Não à toa, são nessas duas regiões em que estão localizados os Estados que estão convivendo com um quadro acentuado de disputas entre facções de base prisional por rotas e territórios e, ao mesmo tempo, concentram a maioria dos Estados com altas taxas de letalidade policial", aponta o documento.
As ações de enfrentamento à atual onde de violência no Estado têm sido coordenadas pela secretaria de segurança do Estado e contam com reforço de órgão federais como a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal, além do apoio das policiais do Acre, Amazonas e Mato Grosso, que têm fortalecido ações nas áreas de divisa.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o emprego da Força Nacional em Rondônia pelo prazo inicial de 90 dias.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca)