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Na mira de Trump, Canadá e Dinamarca já travaram 'guerra amigável' por ilha

Ilha Hans já foi motivo de disputa amigável - Toubletap/Creative Commons
Ilha Hans já foi motivo de disputa amigável Imagem: Toubletap/Creative Commons
do UOL

Do UOL, em São Paulo

13/01/2025 05h30

Na mira de Donald Trump, o Canadá e a Dinamarca já travaram no passado uma "guerra" considerada a mais amigável de todas. A pequena ilha de Hans foi a causa do confronto, também chamado de "guerra do uísque", que durou quase 50 anos e só terminou em 2022, de forma pacífica.

Como começou

A briga por um pedaço de rocha —que aparentemente não tem importância alguma— começou em 1973. Neste momento, foi definida uma fronteira marítima entre o território do Canadá e da Groenlândia —região autônoma do Reino da Dinamarca. Mas essa demarcação passava por cima de uma pequena faixa de terra, gerando confusão sobre quem seria a nação "dona" da ilhota.

Canadá e Dinamarca queriam a ilha Hans por diferentes motivos. Para o governo canadense, conquistá-la ajudaria em sua posição no mar de Beaufort, impedindo os Estados Unidos de explorarem algumas áreas do oceano em busca de petróleo e gases naturais —há reservas de petróleo e gás no estreito de Nares, local com 35 km de largura, onde se situa a ilhota. Já o governo dinamarquês queria ter um relacionamento mais próximo com a Groenlândia.

O conflito ficou conhecido como "guerra do uísque". Durante as quase cinco décadas que durou, os países envolvidos frequentemente enviavam helicópteros ao território para fincar sua bandeira. No momento, retiravam a bandeira colocada pelo rival, colocavam uma nova de seu país e deixavam uma garrafa de uísque ou um licor tradicional.

"Acho que foi a mais amigável de todas as guerras", comentou Melanie Joly, a ministra de Relações Exteriores do Canadá, em uma coletiva de imprensa após um acordo entre seu governo e o da Dinamarca.

Conciliação

O comandante da fragata HDMS Triton da Marinha Real Dinamarquesa após hastear a bandeira na Ilha Hans em 2003 - Creative Commons - Creative Commons
O comandante da fragata HDMS Triton da Marinha Real Dinamarquesa após hastear a bandeira na Ilha Hans em 2003
Imagem: Creative Commons

O conflito finalmente terminou em 2022, pacificamente, com um resultado curioso: o pedaço de rocha foi dividido igualmente entre os dois países. Embora sejam de continentes diferentes, os governos definiram uma fronteira terrestre entre o Canadá e a Dinamarca.

O Canadá foi convidado a integrar a União Europeia. Mas a sugestão levantada à época foi tratada como uma brincadeira pelo país norte-americano.

Caráter pacífico da resolução da disputa foi notável à época, já que a Rússia e a Ucrânia estavam no início da guerra que já dura três anos. "O Ártico é um farol para a cooperação internacional, onde prevalece o estado de direito", disse Joly, na coletiva após a divisão do território.

Como a segurança global está ameaçada, é mais importante do que nunca que democracias como Canadá e Dinamarca trabalhem juntas, com os povos indígenas, para resolver nossas diferenças de acordo com o direito internacional.
Melanie Joly

Trump x Canadá e Dinamarca

O Canadá e a Dinamarca entraram recentemente na mira do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele voltou a insinuar que o Canadá deveria fazer parte dos Estados Unidos e publicou um par de mapas em que os dois países norte-americanos são retratados como um só. Em relação à Dinamarca, o interesse de Trump se dirige à Groenlândia, território que pertence ao país europeu.

As intenções de Trump causaram reações dos governos canadense e dinamarquês. O governo da Dinamarca disse que a Groenlândia não está à venda. Apesar de o território ser autônomo, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen chamou a ideia de Trump de anexar a Groenlândia de "absurda". Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que "nunca, jamais, o Canadá fará parte dos Estados Unidos".

*Com informações de reportagem publicada em 8/1/2025

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