Suspeito de matar CEO teria passado por cirurgia 'traumática' na coluna

Luigi Nicholas Mangione, de 26 anos, preso por suspeita de assassinar Brian Thompson, CEO da empresa de plano de saúde UnitedHealthcare, teria passado por uma cirurgia "traumática" na coluna, segundo a imprensa norte-americana.
O que se sabe
Na foto de capa do perfil de Mangione no X, havia a imagem de uma radiografia. Ela mostra uma coluna espinhal com pinos de metal, o que levantou suspeitas sobre um possível rancor dele contra o plano de saúde da UnitedHealthcare.
Ao The New York Times, um amigo do suspeito, de Baltimore, disse que ele e outros colegas receberam mensagens da família tentando localizar Mangione. Segundo um outro amigo, o suspeito havia parado de entrar em contato com os familiares após ser submetido a uma cirurgia nas costas.
Em uma entrevista à CNN, um ex-colega de quarto, do Havaí, também relatou reclamações do suspeito em relação aos seus problemas na coluna. Ele afirmou que a situação era tão "traumática e difícil" que uma aula básica de surf fez Mangione ficar na cama por uma semana.
O amigo também contou que Mangione compartilhou com ele as imagens das radiografias. "Parecia horrível, com parafusos enormes entrando na coluna dele".
Suspeito teria escrito "manifesto" contra seguradoras de saúde. O documento escrito à mão criticava as empresas por colocarem o lucro acima do cuidado com os clientes. Ele apontava sua motivação e interesses, segundo a comissária de polícia Jessica Tisch.
Relembre o caso
Brian Thompson, 50, estava em frente ao Hilton de Midtown na última quarta-feira (4), onde uma conferência de investidores era realizada. Ele faria uma apresentação no evento, mas foi atingido pouco antes das 7h (9h, no horário de Brasília).
Policiais tentaram reanimar Thompson e o levaram a um hospital, onde a morte foi confirmada. "Estamos profundamente tristes e chocados com o falecimento de nosso querido amigo e colega Brian Thompson, diretor-executivo da UnitedHealthcare", disse a empresa em comunicado.
Suspeita de crime premeditado. O chefe dos detetives da Polícia de Nova York, Joseph Kenny, informou que o atirador chegou a pé cinco minutos antes de Thompson, que aparentemente caminhava sem seguranças em frente ao hotel. A esposa dele afirmou à TV NBC que o marido tinha recebido ameaças recentes.
Arma utilizada é semelhante às usadas por fazendeiros para abater animais. O Departamento de Polícia de Nova York indicou que se trata de uma pistola de 9 milímetros comumente usada para abater animais em silêncio.
Suspeito do crime foi preso nesta segunda-feira (9). Luigi Nicholas Mangione estava na região de Altoona, Pensilvânia, a 375 quilômetros de distância de Nova York, em uma unidade da lanchonete McDonald's. Embora tenha sido denunciado por semelhança com as fotos divulgadas pela polícia de Nova York, o suspeito foi preso por apresentar um documento falso de Nova Jersey e por posse ilegal de arma.
Mangione estava com "arma-fantasma" e silenciador. São armas sem série e mais difíceis de serem rastreadas, na maioria das vezes feitas em casa a partir de peças individuais. A arma encontrada com o suspeito atirava munições de 9 milímetros — como as que mataram Brian Thompson.
Último endereço conhecido de suspeito é no Havaí. Luigi Mangione não tem histórico criminal em Nova York e é do estado de Maryland. Ele teria viajado a Nova York de ônibus.
Planos de saúde nos Estados Unidos
Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinham acesso pleno à saúde em 2023.
UnitedHealth Group faturou 100 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2024. A UnitedHealthcare, administrada pela vítima, é um braço da companhia que administra produtos de saúde, como Medicare e Medicaid, para pessoas idosas e de baixa renda, financiados pelos orçamentos estatais.
UnitedHealthcare é a seguradora de saúde que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.