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Dono de BMW pagou R$ 25 mil para trocar peça que causou mortes em SC

do UOL

Do UOL, em São Paulo

07/12/2024 05h30Atualizada em 07/12/2024 19h28

O dono da BMW que foi encontrado morto com amigos em 1º de janeiro em Balneário Camboriú (SC) pagou R$ 25 mil para trocar a peça do carro que causou a morte do grupo. A falha mecânica liberou monóxido de carbono no interior do veículo, causando a asfixia dos ocupantes.

O que aconteceu

Thiago de Lima Ribeiro, 21, queria aumentar a potência e o ruído do escapamento do carro, segundo denúncia do Ministério Público. Em julho de 2023, ele procurou a mecânica de Jhones Smith Jesus da Silva, em Goiânia, para realizar o serviço.

Serviço foi terceirizado. A customização substituiu o catalisador do veículo, responsável por reduzir os gases poluentes emitidos pelo motor do veículo, dentre eles, o monóxido de carbono, por um pedaço de tubo conhecido como downpipe.

Investigação aponta que downpipe foi feito de forma artesanal e precário. O prestador de serviços Adailton Moreira da Silva fabricava e instalava peças automotivas a partir da sua experiência como soldador em uma empresa de laticínios, mas não possuia nenhuma qualificação como engenheiro mecânico.

Peça instalada por Adailton não tinha o elemento catalisador, que é obrigatório porque auxilia na filtragem de gases. O material também não tinha a certificação de segurança do Inmetro, "destoando dos padrões de veículos originalmente introduzidos no mercado pelas montadoras".

A perícia na BMW constatou que a peça sofreu ruptura completa devido à fragilidade do cordão de solda usado e da fixação inadequada. "A ruptura desta peça provocou uma abertura no tubo de escapamento dos gases, logo após a turbina, permitindo que parte desses gases se acumulassem no compartimento do motor, quando de seu funcionamento".

Jhones e Adailton viraram réus por quatro acusações de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A denúncia do MP, recebida pela Justiça, diz que Jhones foi negligente na contratação do serviço terceirizado e não fiscalizou o que foi feito. Já Adailton executou o serviço sem o conhecimento técnico necessário.

Amigos acharam que estavam passando mal após comer na praia

Thiago de Lima Ribeiro e os amigos, Gustavo Pereira Silveira, 24, Karla Aparecida dos Santos, 19, e Nicolas Oliveira Koleski, 16, morreram após passar o Réveillon em Balneário Camboriú. Eles saíram de Florianópolis para ver a queima de fogos na cidade. À 1h30, eles deixaram a festa na praia para buscar a namorada de Gustavo, Geovana, na rodoviária.

Amigos começaram a passar mal no trajeto até a rodoviária. Eles ficaram algumas horas dentro do carro com o ar-condicionado ligado por causa do congestionamento. Eles relataram sintomas como tontura e náuseas, mas acreditavam ser da comida da praia.

Na rodoviária, eles decidiram descansar no interior do veículo. Às 3h34, Thiago decide ligar para o Corpo de Bombeiros queixando-se de mal-estar e cita que comeu um cachorro-quente. A atendente orienta Thiago a ligar para o Samu. A ligação não foi completada, diz a denúncia do MP.

Eles ficaram cerca de 4h dentro do carro sem saber que estavam inalando monóxido de carbono. Eles deixaram as janelas fechadas porque estava chovendo naquele dia.

Amigos foram encontrados desacordados por Geovana às 7h da manhã. Ela pediu ajuda para os funcionários da rodoviária. O Samu foi acionado, mas os amigos já estavam mortos.

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