Agentes da Abin reclamam de vazamentos da PF e apontam 'interesse político'

Agentes da Abin criticaram o vazamento de informações e apontaram suposto interesse político no inquérito da Polícia Federal que apura o uso da agência para espionagem indevida.
O que aconteceu
A Intelis, União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin, expressou "veemente repúdio e profunda consternação". Em nota divulgada hoje, a entidade afirmou que os vazamentos "causaram prejuízos concretos às relações internacionais do Brasil" e "comprometeram questões de Estado que, por sua natureza, possuem grau de sigilo próprio".
Caso foi revelado pelo UOL. Reportagem do colunista Aguirre Talento mostrou que a Abin, sob o atual governo Lula (PT), executou uma ação hacker contra autoridades do governo do Paraguai. A ação foi descrita em detalhes em depoimento prestado à PF por um servidor da agência que participou diretamente da ação.
A Intelis diz que as informações reveladas causaram um incidente diplomático. "A divulgação unilateral de informações imprecisas implicou em um incidente diplomático, que não somente atenta contra a soberania nacional, mas também fragiliza as históricas relações internacionais do Brasil com seus vizinhos do Mercosul."
A entidade que representa os servidores da Abin critica o inquérito da PF. Para a Intelis, a ampliação do escopo do inquérito "parece servir a interesses políticos e de deslegitimação da Inteligência de Estado." Sem citar nomes, a Intelis diz que uma "campanha de descredibilização" da Abin é capitaneada por grupos da própria administração pública.
Como mostrou o colunista do UOL, a Polícia Federal apura suspeitas de destruição de provas. Há suspeita de que a atual gestão da Abin determinou a formatação de notebooks com o objetivo de apagar provas sobre os desvios de finalidade na agência.
Intelis informou que vai à Justiça. "Dante da gravidade dos fatos, a Intelis informa que está ingressando com representação junto ao Ministério Público Federal para que sejam apurados, de forma rigorosa e independente, os vazamentos ocorridos e a conduta de ampliação indevida do escopo investigativo para temas fora da competência legal da Polícia Federal."
A Intelis condena com veemência a disseminação de narrativa antirrepublicana que contesta as competências e prerrogativas da Abin. A Inteligência policial não se confunde, em nenhuma medida, com a Inteligência de Estado. Ambas, imprescindíveis para o Estado Democrático de Direito, devem colaborar para a concretização dos interesses nacionais e certamente cumprirão de forma mais efetiva o seu múnus institucional em um ambiente de mútuo respeito e cooperação. União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin, em nota