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Com Trump e Zelensky, reabertura de Notre-Dame vira palco diplomático internacional para Macron

06/12/2024 16h52

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu colega ucraniano, Volodymyr Zelensky, serão recebidos um após o outro em Paris, no sábado (7), pelo presidente francês Emmanuel Macron, antes de participarem da reabertura da Catedral Notre-Dame em Paris, à noite, anunciou a Presidência francesa.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por outro lado, decidiu não fazer a viagem, depois de ter irritado as autoridades francesas ao viajar para Montevidéu nesta sexta-feira (6) e anunciar a conclusão de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e quatro países sul-americanos, ao qual a França, entre outros países europeus, se opõe.

Mas Paris já terá seu grande evento diplomático no sábado: Emmanuel Macron receberá primeiro Donald Trump no Palácio do Eliseu - sua primeira viagem ao exterior desde sua eleição em 5 de novembro - e depois Volodymyr Zelensky.

A presidência francesa não deu detalhes sobre uma possível reunião tripla entre os presidentes, nem sobre um possível encontro entre Trump e Zelensky, que seria o primeiro entre eles desde a eleição norte-americana.

No entanto, uma reunião Trump-Zelensky é "possível", assim como "outras reuniões" entre o presidente ucraniano e alguns dos muitos chefes de Estado ou de governo esperados no sábado para admirar a catedral de Notre-Dame, restaurada após seu dramático incêndio em 15 de abril de 2019, disse um alto funcionário ucraniano.

Desde a vitória de Trump nas eleições norte-americanas, o presidente reeleito e Zelensky tiveram apenas uma conversa telefônica de cerca de 20 minutos em 6 de novembro.

No sábado, o presidente francês falará na praça em frente à catedral, que foi reconstruída após o incêndio em 15 de abril de 2019, antes de suas portas se abrirem para uma cerimônia litúrgica.

Antes disso, ele conversará com o líder americano às 16h, horário local (10h de Brasília), e depois com seu homólogo ucraniano às 17h, de acordo com a Presidência francesa.

Contexto internacional explosivo

A composição da futura administração Trump suscita preocupações sobre suas intenções internacionais, enquanto o cessar-fogo no Líbano permanece muito frágil, a guerra em Gaza continua, o programa nuclear do Irã está levantando temores do pior e a retórica russa está se tornando cada vez mais ameaçadora.

Diante desse cenário delicado, Emmanuel Macron está tentando se reaproximar do próximo ocupante da Casa Branca o mais rápido possível, na esperança de exercer mais influência do que durante o primeiro mandato de Trump.

Altamente crítico em relação aos bilhões de dólares liberados pelos Estados Unidos para a Ucrânia, o presidente eleito prometeu resolver a guerra entre Kiev e Moscou antes mesmo de tomar posse em 20 de janeiro, sem nunca explicar como o faria.

Ao contrário do governo democrata de Joe Biden, Trump também nunca mencionou a necessidade de uma vitória para a Ucrânia, atacada pela Rússia em fevereiro de 2022.

A França, por sua vez, pretende continuar a apoiar Kiev a fim de colocar seu presidente em uma posição de força quando for negociar com Moscou. Por enquanto, o presidente russo, Vladimir Putin, recusa qualquer negociação, convencido de que pode ganhar vantagem no terreno.

Ausência de Von der Leyen

Além de Trump e Zelensky, cerca de 40 chefes de Estado e de governo participarão da reabertura da catedral de Notre-Dame em Paris no sábado. Com outras questões diplomáticas potencialmente em pauta, a começar pelo acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul.

Ursula von der Leyen havia anunciado inicialmente que faria a viagem a Paris, mas uma porta-voz anunciou no último minuto, nesta sexta-feira, que esse não seria o caso, citando um "erro de comunicação interno".

Essa foi uma maneira de evitar um confronto cara a cara potencialmente tempestuoso com Emmanuel Macron.

Na quinta-feira, o presidente francês deixou claro que o acordo "não era aceitável em sua forma atual" em várias questões, desde a agricultura até a conformidade com o acordo climático de Paris, por meio de medidas espelhadas para garantir a conformidade com os padrões europeus.

A Presidência francesa fez questão de enfatizar nesta sexta-feira que o anúncio da conclusão das negociações do Mercosul era "responsabilidade" da Comissão, mas que "o acordo não foi assinado nem ratificado". "O acordo com o Mercosul não entrou em vigor", insistiu o Eliseu na noite de sexta-feira.

Na França, esse acordo sempre suscitou forte oposição, principalmente nos círculos agrícolas, pois o documento suprime a maioria dos direitos alfandegários entre as duas zonas.

Em particular, o acordo permite que os países sul-americanos exportem quantidades fixas de carne bovina, de aves e de suínos para a UE, em troca de que as montadoras europeias, por exemplo, se beneficiem de um tratamento preferencial para suas exportações para os países sul-americanos que assinaram o acordo.

Lideranças marcam presença

O príncipe William também participará da reabertura da catedral "em nome do Reino Unido", anunciou o Palácio de Kensington nesta sexta-feira, acrescentando que sua esposa Kate não o acompanhará na cerimônia.

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pachinian, e o presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, também estarão presentes, assim como o primeiro-ministro da Sérvia, Milos Vucevic, o presidente de Kosovo, Vjosa Osmani, e o primeiro-ministro da Holanda, Dick Schoof.

Vários líderes africanos também farão a viagem para esse evento global, incluindo o presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso, o presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, o presidente do Gabão, Brice Oligui Nguema, e o presidente do Togo, Faure Gnassingbe.

Líderes europeus também confirmaram presença: o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, o presidente italiano Sergio Mattarella, o presidente polonês Andrzej Duda, o presidente croata Zoran Milanovic, o presidente búlgaro Roumen Radev, o presidente estoniano Alar Karis, o presidente finlandês Alexander Stubb e o presidente lituano Gitanas Nauséda.

O atual presidente dos EUA, Joe Biden, será representado por sua esposa Jill. O presidente brasileiro não participará da cerimônia. 

(Com AFP)

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