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Dólar fica em R$ 5,76 e Bolsa fecha quase estável nesta quarta

do UOL

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

30/10/2024 10h12Atualizada em 30/10/2024 17h26

O dólar, que começou o pregão desta quarta-feira (30) no nível mais elevado em mais de três anos, fechou hoje em quase estável, em alta de 0,04%, indo a R$ 5,763. O dólar turismo avançou para R$ 5,99. O "Trump Trade" continuou estressando a moeda, mas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trouxeram algum alívio.

A Bolsa de Valores de São Paulo não engrenou em nenhum momento do dia. Fechou praticamente no zero a zero, com o Ibovespa em leve queda de 0,07%, indo a 130.636 pontos.

O que aconteceu

No final da manhã desta quarta, em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, colocou panos quentes na situação que fez o dólar disparar ontem. No dia anterior, ele havia dito que não sabia quando as medidas de cortes de gastos serão divulgadas e isso levou a moeda americana a chegar a R$ 5,76, patamar mais alto desde março de 2021.

Hoje, entretanto, ele disse que o governo vai enviar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ao Congresso para fazer as "despesas obrigatórias caberem" no arcabouço fiscal. Junto de Simone Tebet (Planejamento), Haddad destacou o compromisso da equipe econômica com o arcabouço. Eles afirmam haver um consenso sobre as propostas para os cortes de gastos a serem confirmadas em novembro.

Na mesma hora, a alta do dólar, que chegou a 0,40%, diminuiu seu impulso. "A valorização perdeu força após declarações do ministro, que reafirmou o compromisso do governo com o novo arcabouço fiscal", disse André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

Pressões

Apesar do alívio, o "Trump Trade" continuou pesando sobre o câmbio nesta quarta. "As pressões hoje foram muito mais externas que internas", disse Gabriel Meira especialista e sócio da Valor Investimentos. Desde que as pesquisas começaram a mostrar a possibilidade de uma vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, no dia 14 deste mês, o dólar vem se valorizando no mundo todo. Caso Trump vença, suas propostas — cortes agressivos de impostos, aumentos massivos de tarifas, deportações em massa, desregulamentação, forte redução do governo federal — podem gerar um aumento da inflação, ou da expectativa dela.

Isso interromperia o ciclo de corte de juros que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) iniciou em setembro. Sem cortes, o dinheiro dos investidores do mundo todo continua no Tesouro americano e faz falta nos mercados emergentes, como o Brasil.

Hoje, dados de emprego e do Produto Interno Bruto americano também influenciaram. A economia americana cresceu menos que o esperado. O PIB dos EUA ficou em 2,8% no terceiro trimestre de 2024 (taxa anualizada). O dado foi divulgado nesta manhã pelo Bureau of Economic Analysis (BEA). O resultado veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que era de uma alta de 3,1%. Nesta primeira leitura, o número mostra que a economia americana recuou em relação ao segundo trimestre, quando o PIB cresceu 3%.

Mas o mercado de trabalho está aquecido. As empresas privadas contrataram 233 mil novos trabalhadores em outubro, bem mais que os 159.000 revisados do período anterior. Os números são da empresa de dados ADP. Foi o melhor mês para criação de empregos desde julho de 2023. Os dados contrariaram as expectativas de uma desaceleração em outubro após dois furacões brutais e greves na fabricante de aviões Boeing e em portos na costa leste.

PIB e criação de vagas dão pistas sobre o que o Fed pode fazer com os juros no dia 5 de novembro. No entanto, os sinais passados foram mistos. Enquanto o PIB poderia levar o banco a um corte maior, os indícios de mais força no mercado de trabalho significam resistência da inflação e, portanto, podem levar o BC americano a um corte menor. "No geral, os números mostram que a economia americana segue em um ritmo de expansão maior que o desejado pelo Fed", disse Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas,

Sem alívio

Na Bolsa, o preço dos produtos básicos poderia ter dado um impulso a certas ações hoje. Não foi o que aconteceu, entretanto. O petróleo avançou 2% nos mercados internacionais. Mas as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam valor. PETR3 caiu 0,82%, para R$ 38,90, enquanto PETR4 foi a R$ 35,95, com baixa de 0,17%, conforme dados preliminares.

A alta de 20% no lucro da fabricante de motores elétricos Weg (WEGE3) também poderia ajudar. A empresa, que é uma das queridinhas dos investidores, teve lucro líquido de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre, salto de 20,4% sobre o desempenho de um ano antes, mas dentro do esperado pelo mercado. O papel da empresa tem peso de 3,44% no Ibovespa.

Porém, a ação caiu 5,37%, para R$ 53,88, conforme dados preliminares. O problema não foi com a Weg, disse Virgilio Lage, especialista da Valor investimentos. Segundo ele, a maioria dos investidores está preferindo ativos defensivos, como o dólar ou ações que sobem com juros altos. A fabricante, ao contrário, depende de financiamento para crescer e é prejudicada pelas altas taxas. Além disso, Weg já se valorizou muito este ano: 56,80%, segundo a Economatica. "O investidor aproveita a divulgação do balanço para vender o ativo e fazer lucro", afirmou Lage.

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