O anúncio do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) de uma "maratona" de leilões para o setor privado nas próximas semanas, incluindo a administração de escolas públicas, causa estranheza pela falta de debate e pela educação estar na frente da fila em vez de setores menos sensíveis, avaliou o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça-feira (29).
Para Josias, enquanto a privatização pode ser útil para melhorar serviços, a grande motivação por trás dela é liberar espaço e orçamento para o Estado priorizar áreas essenciais, como a educação. A atitude do governador contraria essa lógica, avalia o colunista.
A privatização não é nenhum demônio. Ao contrário, pode ser útil para prover melhores serviços em determinadas áreas. Agora, os liberais que defendem o modelo de privatização escoram a sua argumentação na tese de sair de atividades que têm um viés mais empresarial para se concentrar naquelas atividades que são essenciais, e que o governo deveria tratar com prioridade absoluta —entre elas, educação e saúde.
Por que se um governo que tem a privatização como um dos seus motes, como é o caso do Tarcísio de Freitas, vai privatizar a educação? A ideia de privatizar não era para liberar o Estado para prover serviços nessas áreas como saúde, educação, de forma mais prioritária?
Josias de Souza
Josias lembra que a experiência está sendo adotada no Paraná e que ainda não há como saber dos efeitos que a privatização da administração das escolas terá. Mas que, ao menos, um debate deveria ser promovido —e não uma "maratona" de leilões.
Essa experiência [de privatizar a educação] está sendo adotada lá no Paraná. Não se sabe quais efeitos terá. Aí vem o argumento [de que] o aspecto pedagógico continuará nas mãos, que é só a administração, mas me parece um passo largo demais.
Um estado como São Paulo, com o poder econômico de que dispõe, privatizar a área da educação? Não me parece apropriado. Há muitas coisas que podem ser privatizadas. A educação está no final da fila e precisaria ser precedente de muito debate, e [Tarcísio] não está debatendo coisa nenhuma. Ele, ao contrário, está fazendo uma maratona e diz que a educação está no primeiro lugar da fila.
Josias de Souza
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