Alain Delon deixou recomendação para ser enterrado em casa perto de seus cachorros
Com a morte de Alain Delon neste domingo (18), aos 88 anos, os três filhos do ator, Anthony, Anouchka e Alain-Fabien Delon, tentam colocar de lado os atritos que tiveram sobre os cuidados médicos do pai e organizar o sepultamento do astro aclamado em todo o mundo. Delon deixou registrado que queria ser enterrado perto de seus cachorros, no terreno de sua casa em Douchy (Loiret), onde faleceu, a 130 km de Paris.
Ainda não se sabe se haverá uma cerimônia aberta ao público ou uma homenagem nacional ao ator. Mas o prefeito de Douchy disse que concordou, em princípio, em atender ao pedido do ilustre morador.
Um dia após o falecimento de Alain Delon, jornais na França e no mundo continuam a prestar homenagens ao artista com uma das carreiras mais longas e expressivas da história do cinema. Entre curtas e longa-metragens, Alain Delon atuou em 92 produções, sem contar os papéis no teatro e em filmes para a TV.
Em edições especiais dedicadas a esse ícone do cinema, os jornais franceses Le Figaro e Le Parisien trazem nesta segunda-feira (19) em suas capas imagens memoráveis em preto e branco que sublinham a beleza única do rosto de Delon, curiosamente com a mesma manchete: "O último samurai", em referência ao filme "O samurai", uma produção franco-italiana de 1967 do cineasta Jean-Pierre Melville. No filme, Delon interpreta o papel de Jeff Costello, um assassino profissional metódico e perfeccionista, ao lado de François Périer e Nathalie Delon, com quem estava casado na época.
Em seu editorial de capa, Le Figaro diz que Delon "passou a vida morrendo" em seus filmes, "raramente na cama". No entanto, a morte, a verdadeira, chegou e levou o último gigante do cinema francês. "Na Terra continuaremos, deslumbrados, a vê-lo morrer, ao mesmo tempo que uma época", escreve o diário.
Le Parisien dedica 17 páginas à vida e obra do ator. Com a sua morte, vira-se uma página da história do cinema francês dos anos 1960-1980. Delon partiu depois da maioria daqueles que amou ou com quem trabalhou, como Jean Gabin, Lino Ventura, Romy Schneider, os diretores italianos Luchino Visconti ou Michelangelo Antonioni, destaca a agência AFP.
O jornal Libération traz a manchete "Plein sommeil", em tradução livre algo como "dormiu para sempre", trocadilho com o título do filme "Plein soleil" (O sol por testemunha), de René Clément, que lançou Alain Delon como um astro do cinema mundial.
Sinal de que a aura de Delon continuava a brilhar muito além das fronteiras da França, nos Estados Unidos, os jornais New York Times, Washington Post e New York Post dedicam obituários ao ator.
"Bonito e hipnótico, Alain Delon foi uma das estrelas mais misteriosas do cinema", resumiu o crítico Peter Bradshaw, do britânico The Guardian. Na Alemanha, Der Spiegel diz que Delon era "o James Dean europeu" e publica uma imagem do francês ao lado da atriz Romy Schneider, uma de suas grandes histórias de amor.
Na Itália, outro país de coração do ator, onde Delon passou boa parte do início de sua carreira, o jornal Il Corriere della Sera diz que "nunca mais haverá um ator como Delon, único e imortal". La Stampa e La Repubblica dão "Adeus ao mito do cinema francês".