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Macron pede a Xi Jinping coordenação sobre a Ucrânia e comércio 'justo'

06/05/2024 05h15

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu nesta segunda-feira (6) ao homólogo chinês, Xi Jinping, uma coordenação sobre as "grandes crises", como Ucrânia e Oriente Médio, assim como "regras justas para todos" no comércio entre Europa e China.

"O futuro do nosso continente também dependerá, muito claramente, da nossa capacidade de continuar desenvolvendo relações com a China de maneira equilibrada", disse Macron, no início de uma reunião com Xi no Palácio do Eliseu.

Com o encontro, que também contou com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Xi iniciou a sua primeira viagem oficial ao continente europeu desde a pandemia de covid-19, que também o levará à Sérvia e Hungria.

O presidente chinês afirmou que China e UE, "duas grandes potências mundiais", prossigam como "parceiros" e melhorem a "confiança estratégica mútua" para contribuir "à paz e ao desenvolvimento mundial.

As relações comerciais entre as duas partes são tensas. A UE teme ficar bloqueada entre as economias subsidiadas dos Estados Unidos e da China. Nos últimos meses, o bloco aumentou as investigações sobre as ajudas estatais chinesas a vários setores industriais, como os carros elétricos.

A UE "não hesitará em tomar decisões firmes para proteger a sua economia e a sua segurança", advertiu Von der Leyen após a reunião, ao mesmo tempo que pediu a Pequim para "jogar limpo" no comércio mundial.

Em uma entrevista ao jornal 'La Tribune Dimanche', Macron reconheceu, no entanto, que os europeus não são unânimes sobre a estratégia que deve ser adotada, porque "alguns setores continuam considerando a China essencialmente como um mercado para a venda de seus produtos", embora o país exporte em larga escala para a Europa".

Macron defendeu "proteger melhor a segurança nacional, ser muito mais realista na defesa" dos interesses europeus e obter a "reciprocidade". 

Para Pequim, estas medidas são "protecionistas". As autoridades chinesas iniciaram uma investigação sobre os subsídios estatais, em particular os que envolvem o conhaque francês, ante a oposição de Macron, pressionado pela indústria.

Macron e Xi devem participar durante a tarde do encerramento de um fórum empresarial França-China, após uma cerimônia de boas-vindas em 'Les Invalides', onde passarão as tropas em revista, e uma reunião bilateral no Eliseu.

O presidente francês deve pedir o apoio do chinês à "trégua olímpica" para todos os conflitos por ocasião dos Jogos Olímpicos programados para este ano em Paris.

A França deseja que a China, principal aliada do presidente russo Vladimir Putin, não apoie os seus esforços de guerra e que utilize seus vínculos com Moscou para "contribuir para a resolução deste conflito", segundo o gabinete de Macron.

- Passeio -

O primeiro dia da visita, na qual o presidente francês reiterou a mesma mensagem que transmitiu ao homólogo chinês há um ano, durante sua visita à China, terminará com um jantar de Estado no Eliseu, sede da presidência.

A "coordenação" com Pequim nas "grandes crises" da Ucrânia e Oriente Médio é "absolutamente decisiva", declarou Macron nesta segunda-feira. 

Xi, que afirma desejar o retorno da "paz e estabilidade" na Europa, disse ao 'Le Figaro' que quer "trabalhar com a França e toda a comunidade internacional para encontrar bons caminhos de resolução da crise" na Ucrânia.

"O presidente Xi desempenha um papel importante na redução das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia e confio que continuará a fazê-lo", destacou Von der Leyen, poucas horas depois de Moscou ordenar exercícios nucleares em um "futuro próximo".

A visita coincide com o 60º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre França e China. Na terça-feira, Macron oferecerá um passeio mais pessoal a Xi, acompanhado por suas esposas.

O objetivo do almoço na área conhecida como 'Col du Tourmalet', na região dos Pireneus, sul de França e onde Macron passava as férias de infância a avó, é eminentemente diplomático: romper com o protocolo para estabelecer um diálogo mais direto, em particular sobre a Ucrânia.

Sobre a delicada questão dos direitos humanos, Macron afirma que prefere discutir as "divergências com portas fechadas" e não fazer de Taiwan uma prioridade, apesar da ilha estar no centro de fortes tensões entre os Estados Unidos e a China.

Grupos de defesa dos direitos humanos, que acusam a China de reprimir a minoria muçulmana dos uigures e de prender dezenas de jornalistas, pediram ao presidente francês para abordar estas questões com Xi.

No domingo, quase 2.000 manifestantes, segundo a polícia, exibiram uma bandeira tibetana em Paris e acusaram Xi de ser um "ditador", que deseja apagar a cultura local na região do Tibete.

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© Agence France-Presse

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