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Morte de aluna por infarto durante isolamento de escola após um ataque com faca choca a França

19/04/2024 11h39

Nesta sexta-feira (19), a confirmação da morte de uma menina de 14 anos que sofreu uma crise cardíaca durante o procedimento de isolamento de uma escola de uma pequena cidade de cerca de 8 mil habitantes na região da Alsácia, após um ataque à faca ocorrido na quinta-feira (18), chocou o país. O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, pediu "mobilização geral" na França contra a violência juvenil, durante uma entrevista a um canal de TV aberta, logo em seguida ao ataque que deixou crianças feridas na porta da instituição de ensino.

A morte por parada cardíaca da criança depois do ataque com faca que deixou duas meninas feridas na quinta-feira abalou profundamente a comunidade educacional e as famílias. Há cem dias no cargo de primeiro-ministro, após passar pelo Ministério da Educação, Attal prometeu uma resposta rápida de seu governo ao "vício da violência" entre alguns jovens.

A garota teria passado mal durante o isolamento da escola durante o procedimento anti-intrusão acionado por conta do ataque do lado de fora do prédio e foi socorrida "por professores que rapidamente chamaram os bombeiros", mas "ela morreu no final da tarde", segundo confirmação de Olivier Faron, diretor de ensino, à agência AFP na sexta-feira.

"É com infinita tristeza que soube da morte de uma jovem estudante, que sofreu parada cardíaca enquanto era levada para um local seguro após o ataque com faca perto de sua escola no departamento de Bas-Rhin", disse a ministra da Educação da França, Nicole Belloubet.

"A perda de uma vida jovem, cheia de promessas e de futuro, é uma tragédia que me abala e a todos nós. Em nossa dor, todo o sistema educacional francês está conosco", afirmou ela.

Na manhã de sexta-feira, vários policiais estavam de plantão em frente à instituição de ensino, onde os supervisores recebiam os alunos para mais um dia de aulas.

Procedimentos das escolas francesas em caso de ataques

Desde os ataques de 2015 em Paris, todas as escolas e faculdades são obrigadas a estabelecer um Plano de Segurança Específico para o Estabelecimento (PPMS) detalhando como se comportar diante de riscos e ameaças. Isso inclui a instalação de um alarme de intrusão, que é diferente do sinal de alarme de incêndio para identificar melhor a ameaça.

Na tarde de quinta-feira, o alerta foi emitido pelo diretor da escola de ensino fundamental da Alsácia depois que duas alunas foram atacadas com uma faca do lado de fora do prédio por um indivíduo com histórico de problemas psiquiátricos. Outra escola de ensino médio, a apenas algumas dezenas de metros de distância, também foi colocada em isolamento. 

Entretanto, com a morte da adolescente de 14 anos por uma crise cardíaca durante o procedimento de segurança, surge na França a questão da eficácia do sistema implementado.

Quando o sinal é acionado, os alunos devem se retirar do local quando possível, ou se confinar e fazer barricadas em suas salas de aula, longe das janelas e debaixo das mesas, de acordo com documentos oficiais do Ministério da Educação francês.

Durante o ataque nos arredores da escola da Alsácia na quinta-feira, as autoridades instituíram um confinamento das duas unidades de ensino mais próximas. As salas de aula foram fechadas e os alunos colocados sob as carteiras. O autor do ataque com faca, que feriu duas meninas do lado de fora, não entrou em nenhuma das escolas.

Segundo testemunhas, aparentemente o bloqueio teria transcorrido de forma tranquila. Entretanto, no prédio do colégio de ensino médio, depois que o alarme de intrusão foi acionado e durante todo o bloqueio da tarde, os alunos não foram informados sobre a prisão do autor do ataque, que ocorreu por volta das 14h15 (hora local). Uma aluna disse à jornalistas da AFP que muitos alunos "estavam ansiosos" e que ela "ainda não sabia que o autor do ataque havia sido preso" depois das 17h, ou seja, cerca de três horas após a prisão do suspeito.

"Implementamos o procedimento de bloqueio. Os professores fizeram isso de maneira extremamente precisa e rigorosa, mas infelizmente, essa aluna passou por um episódio muito estressante que a levou a uma parada cardíaca", disse Olivier Faron.

Outros casos de violência escolar na França

Em março, a eficácia do plano anti-intrusão em uma escola secundária nos arredores de Dijon (a 315km de Paris) foi elogiada. Um aluno de 15 anos, que havia ameaçado a diretora da escola, fugiu depois que o alarme anti-intrusão foi acionado e as salas de aula foram protegidas.

"O que aconteceu marca e mostra até que ponto os procedimentos foram eficazes e, sem dúvida, possibilitaram salvar vidas", disse a ministra Nicole Belloubet.

Após o ataque em Arras em outubro de 2023, Gabriel Attal, quando ainda ministro da Educação, falou sobre a necessidade de "ir além" em termos de segurança nas escolas. A primeira-ministra na época, Élisabeth Borne, também se declarou a favor da instalação de botões de chamada para "alertar imediatamente a delegacia de polícia".

A cada ano letivo, pelo menos um exercício de ataque-intrusão é realizado nas escolas, especialmente para garantir que o equipamento de alerta esteja funcionando corretamente e para verificar os bons reflexos da equipe educacional.

Os cursos de treinamento ministrados pelos policiais também são oferecidos ao pessoal sênior da Educação para ajudá-los a aprender como reagir em situações violentas ou gerenciar ameaças, dependendo de sua gravidade, por meio de exercícios.

(Com informações da AFP)

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