Milhares de pessoas vão às ruas no Afeganistão para protestar contra talibãs
A localidade é habitada por cerca de 2 mil famílias, sobretudo, comandadas por viúvas de combatentes na guerra ocorrida no país nos últimos 20 anos, e o grupo fundamentalista visa reocupar os imóveis com seus integrantes.
"Não nos obriguem a sair de nossas casas. Somos pobres, não temos capacidade financeira, nem uma causa para onde ir. Há muito tempo, não temos nem comida para comer, e agora nos tomam nossas casas à força", disse à Agência Efe Agha Gul, um dos organizadores do protesto.
A maioria dos residentes no bairro de Firqa perderam o emprego após a tomada de poder pelos talibãs, em 15 de agosto, já que grande parte das atividades públicas ou privadas estão paralisadas desde então.
O que segue funcionando, contudo, vem tendo dificuldade de manter os salários em dia, por causa da profunda crise econômica que o Afeganistão atravessa.
É o caso de Haroon Agho, um professor que vive no bairro de Kandahar e que recebe um salário mensal que equivale a US$ 100 (R$ 522,54) para sustentar a família de dez integrantes. Ele recebeu ordem de desocupar a casa em que vive em até três dias.
O ultimato à população aconteceu enquanto a comunidade internacional prometeu ajuda financeira ao Afeganistão, para contemplar os cerca de 5 milhões de deslocados internos no país.
"As pessoas enfrentam uma situação catastrófica, obrigadas a deixar suas casas, privadas de serviços básicos e sob o risco de exploração e abuso", escreveu nesta segunda-feira, no Twitter, a chefe do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Isabelle Moussard Carlsen.
A chegada ao poder dos talibãs levou à suspensão imediata dos fundos da comunidade internacional, que representavam cerca de 43% do PIB do Afeganistão, de acordo com dados do Banco Mundial.
Quase um mês depois, a Conferência do Afeganistão, realizada ontem em Genebra, sob a organização da ONU, conseguiu a promessa de mais de US$ 1 bilhão para o país asiático, superando a meta inicial estabelecida, que era de US$ 600 milhões. EFE
azq-hsb-mvg/bg
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