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Após receber carta de Bolsonaro, EUA pedem que Brasil adote "medidas imediatas" contra desmatamento

16/04/2021 17h08

O governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira (16) à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Os representantes da Casa Branca saudaram as promessas de luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas pediram que iniciativas com resultados concretos sejam implementadas imediatamente.

"O fato que o presidente Bolsonaro tenha confirmado o engajamento para eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. "Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos", insistiu o representante de Washington em uma postagem nas redes sociais.

Na quinta-feira (15), a Presidência brasileira divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris, e para isso pede recursos da comunidade internacional. "Queremos reafirmar nesse ato (...) o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", dizia a texto.

"Mentira", diz cacique Raoni

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos, para ignorar a promessa de Bolsonaro.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira (16). "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

Biden cogitou sanções econômicas antes de ser eleito

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de várias medidas de retaliação no exterior em uma tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês, Emmanuel Macron, já criticou abertamente a posição de Brasília sobre a preservação do meio ambiente desde que Bolsonaro chegou ao poder. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro deve participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Cerca de 40 liderem mundiais devem marcar presença no evento.

(Com informações da AFP)

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