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Aposentado de SP espera há 4 anos cirurgia para retirar tumor de 35 kg

"Sempre tem uma desculpa", diz filha de idoso; tumor benigno foi diagnosticado quando tinha o tamanho de um limão e vem causando transtornos para a família - Acervo pessoal
'Sempre tem uma desculpa', diz filha de idoso; tumor benigno foi diagnosticado quando tinha o tamanho de um limão e vem causando transtornos para a família Imagem: Acervo pessoal
do UOL

Felipe Munhoz

Colaboração para o UOL, em Lençóis (BA)

21/10/2020 16h59Atualizada em 21/10/2020 17h58

Um aposentado de 72 anos de Praia Grande (SP) luta há quatro anos para remover um lipoma (um tipo de tumor benigno) que não para de crescer e que já pesa cerca de 35 kg. Ao UOL, a filha do idoso afirmou que, após três anos de espera e depois de ter passado por vários hospitais, a família recebeu o pedido de cirurgia no hospital Guilherme Álvaro, em Santos, em novembro do ano passado, mas até agora ele não foi operado.

"Aceitaram fazer a cirurgia, já fizemos exames pré-operatórios duas vezes, mas, até então, nada. Sempre tem uma desculpa: médico de férias, de licença, festas comemorativas e, por último, a covid-19", disse a filha de 35 anos, que é assistente de financiamento e pediu para não ter as identidades dela e do pai reveladas.

Segundo ela, nos três primeiros anos, até ser encaminhado para o hospital Guilherme Álvaro, seu pai já passou pelo AME (Ambulatório Médico de Especialidade) Praia Grande e pela Santa Casa de Santos, onde os médicos não trataram o caso como urgência. "Esse lipoma solta secreção, causa dores, dá febre alta e está subindo para a barriga. Só que eles não tratam como urgência, e sim, como eletiva. Ou seja, entra na fila e espera", lamentou.

Em contato recente com a ouvidoria do Departamento Regional de Saúde da Baixada Santista, a filha do aposentado afirmou que, mais uma vez, a família ouviu que se trata de uma cirurgia eletiva e não emergencial. "E por conta da covid-19, as cirurgias eletivas ficaram paradas e estão retomando aos poucos", justificou a ouvidoria.

O UOL entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, responsável pela administração do hospital Guilherme Álvaro, que disse, por meio de nota, que em nenhum momento houve cancelamento de cirurgia do paciente. "Trata-se de um caso de hérnia eletivo, de alta complexidade, que é acompanhado por equipe multidisciplinar do Hospital Guilherme Álvaro", informou a pasta.

A secretaria afirmou ainda que o paciente possui avaliação cirúrgica na próxima sexta-feira (23) para a definição da conduta terapêutica. "A realização de cirurgia requer indicação médica e quadro clínico estável para a segurança do próprio paciente", finaliza a nota.

Cirurgia de mais de R$ 80 mil

Quando diagnosticado, o tumor era menor do que um limão, mas foi crescendo com o tempo e causou uma hérnia. Agora, o idoso terá que passar por três cirurgias: uma para retirada do lipoma, uma plástica para retirada da barriga avental e uma para reparação da hérnia.

A família chegou a pesquisar quanto seria uma cirurgia em um local privado, mas o alto valor assustou. "Pelo que vimos, ficaria entre R$ 80 mil e R$ 100 mil. Porque tem anestesista, médico cirurgião geral, médico cirurgião plástico, hospital, leito de UTI. E não temos como arcar com isso", contou a assistente de financiamento.

'É melhor morrer'

Por conta do quadro clínico, o aposentado está com muita dificuldade de andar, de dirigir e não tem saído quase de casa. A filha conta que ele precisa usar um banheiro adaptado e que a família teve que improvisar um banquinho para ele poder apoiar o tumor e, desta forma, pesar menos para aliviar a dor.

"Ele está bem desacreditado e fala que é melhor morrer, pois não vê mais solução. O sentimento da família é de revolta, pois um joga para o outro, mas, alguém com vontade de resolver não tem. Além de termos que ouvir que não é emergencial uma situação dessa", desabafou a assistente de financiamento.

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