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Boeing prepara aposentadoria de 747 para encerrar era dos jumbos

A decisão encerra uma jornada de meio século para a aeronave pioneira de corredor duplo - Justin Tallis/AFP
A decisão encerra uma jornada de meio século para a aeronave pioneira de corredor duplo Imagem: Justin Tallis/AFP

Julie Johnsson

02/07/2020 15h49

A Boeing ainda não contou aos funcionários, mas a empresa vai descontinuar o jumbo 747, encerrando uma jornada de meio século para a aeronave pioneira de corredor duplo.

O último 747-8 sairá de uma fábrica na área de Seattle em cerca de dois anos, uma decisão que não foi divulgada, mas pode ser encontrada em mudanças sutis nas demonstrações financeiras, disseram pessoas a par do assunto.

É um momento que entusiastas da aviação temem há muito tempo, sinalizando o fim dos leviatãs de dois andares e quatro motores que encolheram o mundo. A Airbus já se prepara para fabricar o último jumbo A380.

No entanto, apesar de toda a popularidade entre passageiros, a versão final do 747 e o superjumbo da Europa nunca decolaram comercialmente, já que companhias aéreas se voltaram para aviões bimotores para voos de longo alcance.

Os jumbos também enfrentam outro problema: a pandemia de covid-19 ameaça deixar fabricantes em busca de compradores para os últimos modelos fabricados.

"Como se vê, o número de rotas para as quais você precisa de uma aeronave ultragrande é incrivelmente pequeno", disse Sash Tusa, analista da Agency Partners.

A "Rainha dos Céus" da Boeing estreou em 1970, uma aposta audaciosa que transformou as viagens, mas quase levou a empresa à falência. As versões para passageiros ostentavam uma escada em espiral para um luxuoso salão no andar de cima. Os modelos de cargueiros apresentavam um nariz articulado que se abria para carregar de tudo, de carros a equipamentos de perfuração de petróleo. O 747 acumulou 1.571 pedidos ao longo das décadas, segundo em volume entre jatos de corpo largo atrás apenas do 777 da Boeing.

Mas a pandemia de coronavírus apressa o fim dos aviões gigantes. Com a expectativa de que as viagens não se recuperem completamente até meados da década, companhias aéreas aposentam aviões antigos e jumbos de quatro motores para limitar os gastos. Cerca de 91% dos 747 e 97% dos A380 estão estacionados, estimou Credit Suisse no mês passado.

O presságio revelador de que a Boeing havia escrito o capítulo final do icônico 747 veio em demonstrações financeiras no início deste ano. Não havia qualquer indicação de que a empresa continuaria a "avaliar a viabilidade" do programa, frase padrão usada anteriormente.

"A uma taxa de fabricação de meio avião por mês, o programa 747-8 tem mais de dois anos de produção pela frente a fim de cumprir nossos atuais compromissos com os clientes. Continuaremos a tomar as decisões corretas para manter a linha de produção saudável e atender às necessidades dos clientes", afirmou a Boeing quando contatada para este artigo.

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