Após grande devastação em 2019, florestas tropicais veem nova ameaça no coronavírus
Por Michael Taylor
KUALA LUMPU (Thomson Reuters Foundation) - As florestas tropicais desapareceram no mundo a um ritmo de um campo de futebol a cada seis segundos no ano passado, disseram pesquisadores nesta terça-feira, exortando o Brasil e outros países a incluírem a proteção florestal em seus planos pós-pandemia.
A perda de 3,8 milhões de hectares de floresta tropical primária --áreas intactas de árvores antigas-- em 2019 foi o terceiro maior declínio desde a virada do século, de acordo com dados da entidade Global Forest Watch (GFW).
Os três países que mais perderam florestas primárias no ano passado --Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia--permaneceram os mesmos neste século, disseram pesquisadores da GFW, e o Brasil respondeu por mais de um terço de toda a perda de floresta primária em 2019: 1,36 milhão de hectares.
"As florestas primárias são as áreas com que estamos mais preocupados, elas têm as maiores implicações para o carbono e a biodiversidade", disse Mikaela Weisse, gerente de projetos do serviço de monitoramento de florestas da GFW, administrada pelo World Resources Institute.
"O fato de que as estamos perdendo tão rapidamente é muito preocupante", disse ela à Thomson Reuters Foundation.
A perda de floresta tropical, que atingiu uma alta recorde em 2016 e 2017, foi 2,8% maior em 2019 do que no ano anterior.
A expansão agrícola, incêndios florestais, o corte de árvores, a mineração e o crescimento populacional contribuem para o desmatamento, segundo pesquisadores da GFW.
Derrubar florestas tem grandes implicações para as metas globais de combate à mudança climática, já que as árvores absorvem cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa produzidas mundialmente, que aquecem o planeta.
As florestas também proporcionam alimento e sustento para pessoas que vivem nelas ou nos seus arredores, e são um habitat essencial para a vida selvagem e ajudam na precipitação tropical.
Os governos que estão preparando planos de estímulo econômico pós-coronavírus deveriam incluir medidas para proteger as florestas, disse Weisse.
No curto prazo, o vírus pode enfraquecer a aplicação de leis florestais, e as pessoas se aproveitarão disso para cometer crimes ambientais, alertou.
No médio prazo, o estresse econômico pode aumentar a pressão por indústrias mais extrativas ou pela agricultura de larga escala em florestas, acrescentou ela.
Trabalhadores que estão voltando para casa por terem perdido o emprego nas cidades também podem se voltar às florestas para ajudar a alimentar suas famílias, aumentando o risco de desmatamento, alertou Weisse.
"A situação mudou", disse ela a respeito da pandemia de Covid-19. "O que precisamos fazer também mudou".
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