Comunidade Andina encerra cúpula sem definições sobre Venezuela
Lima, 27 Mai 2019 (AFP) - A Comunidade Andina (CAN) concluiu neste domingo sua primeira cúpula em oito anos em Lima, com uma declaração em que os mandatários de Bolívia, Colômbia, Equador e Peru propuseram o avanço da integração, mas não incluíram uma decisão sobre o retorno da Venezuela ao bloco.
Os presidentes Evo Morales (Bolívia), Iván Duque (Colômbia), Lenín Moreno (Equador) e Martín Vizcarra (Peru) se reuniram por cerca de três horas no Palácio de Governo em um encontro que comemorou o 50º aniversário do bloco aduaneiro, um dos mais antigos da região.
A cúpula foi ofuscada pelo terremoto de 8 graus de magnitude registrado durante a madrugada no norte do Peru, deixando um morto. Vizcarra agradeceu a solidariedade dos três países visitantes.
No documento final, os líderes se comprometeram a "avançar na construção de uma visão para o futuro que priorize uma agenda digital andina".
Além disso, insistiram em reforçar e estender a "interconexão energética entre os países andinos e outros países da região". O presidente da Bolívia assumiu a presidência rotativa da CAN no domingo por um ano e convocou imediatamente uma cúpula no país em 2020.
Morales propôs "convidar os países do Chile e do Mercosul a assinar um acordo para estabelecer uma estrutura para a interconexão elétrica na América do Sul".
No final, os quatro países membros também instaram a fortalecer o livre comércio na CAN, promover a igualdade de gênero e saudar o processo de paz na Colômbia.
- Venezuela, fora de agenda -Apesar da visão comum em vários aspectos, a Venezuela pareceu a maior omissão na declaração final, especialmente depois que o secretário-geral da comunidade pediu na cúpula o retorno do país ao bloco.
"A Comunidade Andina é o instrumento mais adequado para reinserir a Venezuela nos mercados e no comércio quando este país retorna ao longo do caminho da democracia e da estabilidade institucional", disse Jorge Hernando Pedraza, secretário-geral da CAN, citado em um tuíte da secretaria de imprensa da organização.
"Em suma, a esperança é de que um dia o Chile e a Venezuela voltem e nós teremos uma grande CAN", acrescentou.
A Venezuela fez parte da organização até sua saída em 2006 devido a divergências sobre a assinatura de acordos de livre-comércio da Colômbia e do Peru com os Estados Unidos.
Neste domingo, embora a crise venezuelana não estivesse na agenda, presumia-se que a situação política e migratória envolvendo o país seria abordada, tendo em vista que Colômbia, Peru e Equador são os países da região que recebem o maior número de venezuelanos que fogem da grave situação.
"É um tema doloroso porque é uma necessidade humanitária (...) não é um tema de um país, mas sim de convocar a preocupação da sociedade do planeta", disse Pedraza.
- Novo perigo -O momento da cúpula coincide com um presente complexo para o Mercosul - o outro bloco sub-regional da América do Sul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - e o protecionismo promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A cúpula foi convocada com a expectativa de fortalecer ainda mais as relações dentro do bloco para reposicioná-lo na região. Isso foi sugerido pelo chanceler do país anfitrião, Néstor Popolizio, no sábado, dizendo que a reunião seria uma oportunidade para dar "um renovado impulso político ao processo de integração".
Para isso, Vizcarra propôs a seus pares no domingo que enfrentassem juntos o desafio da mudança climática e o que ele chamou de "novo perigo" na região: "corrupção que não reconhece fronteiras". Nenhuma dessas questões, no entanto, foi mencionada na declaração final.
A Comunidade Andina sucedeu o Pacto Andino, cujas fundações surgiram de um acordo em 1969 na Colômbia, na cidade caribenha de Cartagena.
ljc/mls/yow/mr/cc
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.