A R$ 6,071, dólar tem novo recorde; Bolsa cai com empregos nos EUA
O dólar bateu novamente a máxima histórica nominal de fechamento nesta sexta-feira (06). Cotada a R$ 6,071, a moeda ultrapassou a marca anterior, da segunda-feira (2), de R$ 6,065. A Bolsa de Valores fechou em baixa.
Dados do mercado de trabalho americano fizeram a divisa se valorizar internacionalmente. Com uma criação de vagas expressiva, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve fazer um corte mais suave na taxa americana, o que prejudica mercados emergentes, como o Brasil.
A queda no preço de produtos básicos, como petróleo, também influenciou tanto o câmbio, quanto as ações.
O que aconteceu
O dólar comercial, que chegou a ser negociado pela manhã a R$ 5,984, subiu 1%, a R$ 6,071. O turismo teve valorização de 1,45%, a R$ 6,320.
A Bolsa de Valores de São Paulo teve baixa de 1,50%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, caiu para 125.945 pontos.
A moeda americana passou a subir depois da divulgação da criação de 227 mil novos empregos nos Estados Unidos. Com o mercado de trabalho fora de perigo de recessão e gerando postos de emprego, o Fed deve fazer o menor corte de juros possível, em 0,25 pontos base. Poderia até deixar de fazer o corte.
Isso fez com que a moeda dos EUA se valorizasse em relação às moedas mais fortes e às emergentes, segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas. Leonel Mattos, analista de Inteligência de mercado da StoneX, especializada em câmbio, concorda. "O Fed não vai ter muito espaço para cortar juros com a economia mais aquecida", diz ele.
Os juros americanos importam para o Brasil pois espera-se que com uma taxa menor por lá, os investidores venham para cá, aplicar em taxas maiores. Isso traria dólares para o mercado nacional e ajudaria a valorizar o real.
Mas com um corte mais suave, esse diferencial de juros vai demorar mais a engrenar, a não ser que a Selic suba mais. O Banco Central do Brasil decide juros na quarta-feira que vem, dia 11, e o Fed, uma semana depois, no dia 18.
Petróleo e Bolsa
O preço do petróleo, que teve baixa de 1,34%, afetou dólar e Bolsa. Ontem, quinta-feira (5) a Opep+ (o cartel de produtores de petróleo) adiou o início da redução dos cortes voluntários de produção de 2,2 milhões de barris diários de janeiro para abril. A medida foi considerada suave demais pelo mercado, que acredita que a oferta ainda está acima da demanda.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) sentiram os reflexos e, como têm peso de 11,86% no Ibovespa, puxaram o índice para baixo. PETR3 teve desvalorização de 2,07%, para R$ 42,11, enquanto PETR4 caiu 1,61%, para R$ 39, conforme dados preliminares.
Acordo
O que pode ajudar o real a se valorizar — mas só no longo prazo — é o acordo Mercosul e União Europeia. Representantes das nações das duas regiões finalmente chegaram a um acordo para o estabelecimento da maior parceria comercial e de investimentos do mundo, envolvendo mais de 718 milhões de pessoas e um PIB conjunto de US$ 22 trilhões.
Com mais integração comercial, é esperado que as exportações dos produtos brasileiros possam crescer dentro da União Europeia, se as nações envolvidas aprovarem o acordo. "Com isso a perspectiva para médio prazo, é de um maior volume de recursos estrangeiros, uma maior entrada de divisas, através da conta da exportação", afirma Mattos, da StoneX.