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Boy Scouts dos EUA venderão 59 obras de Norman Rockwell para indenizar vítimas de abusos

03/03/2021 15h24

Nova York, 3 Mar 2021 (AFP) - Centenas de obras de arte, incluindo 59 pinturas do americano Norman Rockwell, serão vendidas pelos Boy Scouts dos Estados Unidos para indenizar milhares de pessoas que alegam ter sido vítimas de abusos sexuais dentro da organização.

De acordo com documentos apresentados esta semana no tribunal de falências de Delaware, a organização, que enfrenta cerca de 100.000 processos, pretende vender 59 obras do célebre ilustrador e pintor nova-iorquino (1894-1978), feitas entre 1916 e 1976.

As obras refletem a longa colaboração entre o famoso cronista e o movimento escoteiro. Algumas de suas pinturas têm nomes intimamente ligados às tradições do movimento, como "The scoutmaster" ("O chefe dos escoteiros") ou "The Campfire story" ("História ao redor da fogueira").

Os documentos apresentados ao tribunal - cerca de 380 páginas - não especificam o valor estimado das obras.

Segundo o Norman Rockwell Museum, localizado em Stockbridge, Massachusetts, cidade onde o artista viveu e morreu, Rockwell começou a trabalhar com os escoteiros muito jovem, em 1912, antes de ser nomeado editor artístico de sua revista "Boys' Life" anos depois.

Mesmo depois de ingressar no Saturday Evening Post como ilustrador, continuou a trabalhar com eles, segundo o museu, que organizou uma exposição dedicada a essas obras em 2010, por ocasião dos 100 anos da entidade.

Os Boy Scouts estiveram, nos últimos anos, no centro de um grande escândalo de abusos sexuais que eclodiu em 2012.

No final de fevereiro de 2020, prazo para se beneficiar de um fundo de indenização, quase 100 mil pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais dentro da organização. Oito vezes mais do que os processos movidos contra a Igreja Católica americana, segundo advogados que representam as vítimas.

Atingidos por essas acusações que conduziram a processos judiciais onerosos, os BSA pediram falência em fevereiro de 2020, a fim de congelar todos os pedidos de indenização nos tribunais e redirecioná-los para o fundo de compensação, que busca arrecadar pelo menos 300 milhões de dólares, de acordo com a imprensa local.

A organização, fundada em 1910 e que conta com dois milhões de membros, garante que adota "uma política rigorosa de proteção à juventude". Páginas inteiras de seu site são dedicadas aos seus esforços para indenizar as vítimas.

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