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Generais negam que Bolsonaro quis intervir no STF; oposição cobra apuração

Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante reunia?o com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. - Marcos Corrêa/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante reunia?o com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Imagem: Marcos Corrêa/PR
do UOL

Do UOL, em Brasília

05/08/2020 15h31Atualizada em 05/08/2020 15h45

Uma reportagem publicada na edição de agosto da revista Piauí, sobre uma reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria falado em intervenção no STF (Supremo Tribunal Federal), causou irritação em ministros (e generais) palacianos nesta quarta-feira. Ao tomar conhecimento do texto, eles reagiram com indignação e negaram que Bolsonaro tenha falado em intervenção militar em outros Poderes.

Segundo a publicação, isso teria acontecido durante uma reunião no Palácio do Planalto em 22 de maio. No dia, diz a revista, o ministro do STF Celso de Mello havia enviado à PGR (Procuradoria-Geral da República) um pedido para avaliar a necessidade de uma perícia no celular do presidente e de seu filho Carlos Bolsonaro, o que teria deixado o presidente extremamente irritado. Na ocasião, segundo a revista, Bolsonaro teria declarado: "Vou intervir".

Publicamente, Bolsonaro de fato mostrou bastante irritação com a medida. Na ocasião, a crise entre os Poderes vivia um de seus momentos mais tensos.

Apesar de Bolsonaro ter em sua equipe uma série de militares, a maioria é de generais da reserva, ou seja, eles não detêm tropas em suas mãos.

'História fantasiosa', 'obra de ficção'

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que é o chefe das Forças Armadas, chamou a reportagem de "fantasiosa". O posicionamento de Azevedo foi alinhado com os demais colegas de patente.

O ministro da Casa Civil, Braga Netto, que está despachando de casa por ter testado positivo para covid-19, disse que a reportagem seria "uma história fantasiosa de fatos inexistentes".

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, disse que "não existe nada mais inverossímil". Ramos, que na matéria é apontado como um dos que teriam apoiado a decisão de intervenção do presidente, reagiu com indignação e disse que ele é justamente conhecido por ser o apaziguador.

Em nota, por meio de sua assessoria, Ramos limitou-se a dizer que não comentaria "por se tratar de uma narrativa irreal".

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandando pelo general Augusto Heleno, também afirmou que não teceria comentários da matéria "por tratar-se de uma obra de ficção".

Oposição quer ouvir ministros

O barulho que a reportagem tem feito e o incômodo que trouxe à cúpula militar do governo não devem acabar hoje. A oposição já começou a se mobilizar para que os ministros prestem esclarecimentos à Câmara dos Deputados.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ protocolou um requerimento na Casa para ouvir Ramos, Braga Netto, Heleno, Azevedo e os ministros André Mendonça (Justiça) e o advogado geral da União, José Levi, que também estavam na reunião.

"A denúncia é grave porque revela que a cúpula do governo Bolsonaro cogitou dar um golpe militar para destituir os ministros do STF e fechar a corte, com o objetivo de impedir o avanço das investigações contra a família do presidente. Trata-se de uma ameaça do Poder Executivo ao regime democrático, crime que é previsto pela Constituição. Exigimos que os ministros envolvidos sejam convocados para esclarecer essa denúncia no Parlamento", disse Freixo à coluna.

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