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O que se sabe sobre a explosão em Beirute

do UOL

Ana Carla Bermúdez, Lucas Borges Teixeira e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo*

04/08/2020 17h25Atualizada em 05/08/2020 15h27

Uma grande explosão atingiu na terça (4) a região portuária de Beirute, capital do Líbano. O incidente gerou uma gigantesca coluna de fumaça e um forte deslocamento de ar que varreu a região. Houve um rastro de destruição, com destroços nas ruas, carros amassados e fachadas de prédios destruídas.

A explosão abalou outras áreas da capital, danificando prédios e ferindo pessoas. Até o momento, não se tem uma confirmação oficial do que causou o incidente. O governo libanês disse que toneladas de nitrato de amônio que estava em um armazém podem ter ligação com as explosões, mas ainda não apresenta uma causa oficial.

Entenda o que se sabe sobre a explosão até agora:

Onde aconteceu?

A explosão aconteceu na região portuária de Beirute, à beira do mar Mediterrâneo. Momentos antes da explosão, imagens mostraram um edifício em chamas, com grandes labaredas. A área portuária foi isolada por forças de segurança.

Qual o número de mortos?

Até o início da tarde desta quarta-feira (5), autoridades diziam que 135 pessoas morreram em razão da explosão. Esse número deve ser atualizado nas próximas horas.

Quantos são os feridos?

Ao menos 5 mil pessoas ficaram feridas, segundo autoridades locais. Esse número, no entanto, também é provisório. Há relatos de que pessoas estão presas sob escombros.

Quantos são os desaparecidos?

Além de mortos pela explosão, há também feridos. Segundo o governador de Beirute, Marwan Abboud, mais de 100 pessoas não foram localizadas.

Qual foi o impacto da explosão?

Segundo a Cruz Vermelha, a força da explosão fez com que pessoas fossem jogadas ao mar na zona portuária.

A explosão causou até o fechamento de um dos maiores hospitais de Beirute, o St. George, a 1 quilômetro do local. Médicos narraram o remanejamento de pacientes, entre eles crianças com câncer, e de feridos no local com estilhaços de vidro.

Agências de notícias relatam que a explosão em Beirute pôde ser sentida nas cidades de Nicósia, Limassol e Larnaca, no Chipre, a mais de 200 quilômetros da costa do Líbano. A capital tem cerca de 360 mil habitantes e fica no litoral do mar Mediterrâneo. O país, por sua vez, faz fronteira com Israel (ao sul) e com a Síria (ao leste e ao norte).

O que causou a explosão?

Até o momento, não há uma confirmação oficial do que causou o incêndio que precedeu a explosão e nem se o incidente aconteceu de forma acidental ou não.

De acordo com o presidente Michel Aoun, no entanto, cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância usada na produção de explosivos e fertilizantes, podem ter sido a causa da explosão. O material foi confiscado de uma embarcação e estavam armazenados em um armazém havia "anos", pelo menos desde 2014.

O que é o nitrato de amônio?

A substância é um dos fertilizantes mais utilizados na agricultura, fornecendo nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio. Mas também pode ser utilizada na fabricação de explosivos e bombas. Para causar explosões, porém, é preciso que ele entre em contato com altas temperaturas. Especialistas dizem que o nitrato de amônio é um material seguro se for armazenado de maneira adequada.

Há ligação com atentado terrorista?

Até o momento, não há evidências de que a explosão tenha como origem um atentado terrorista.

Nesta semana, estava prevista a divulgação do veredito de um tribunal apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas) contra quatro homens ligados ao Hezbollah. Eles são acusados de terem participado do assassinato do ex-primeiro ministro do Líbano Rafik Hariri, morto em 2005 em um atentado com uma caminhonete carregada de explosivos. Em razão da explosão, o tribunal adiou a leitura do veredito.

Não há informações, no entanto, de eventual ligação do julgamento com a explosão de ontem (4).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a falar em "ataques terríveis" em Beirute. Trump, porém, foi rebatido por funcionários do governo americano, que falam não haver motivo para acreditar que tenha sido utilizado "algum tipo de bomba" para causar as explosões.

Qual é a situação política do Líbano?

O Líbano vive um período de forte instabilidade política e atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por desvalorização da moeda, hiperinflação e demissões em massa.

A crise também faz com que o país enfrente um colapso nos hospitais para atender os feridos em Beirute.

Quem está entre os mortos e feridos?

Entre os mortos, está o líder partidário Nizar Najarian, secretário-geral do Partido Kataeb. A informação foi confirmada pela emissora de TV estatal libanesa NNA.

O governador do porto de Beirute disse ao canal Sky News que uma equipe de bombeiros, que estava combatendo o incêndio inicial, havia "desaparecido" após a explosão. Membros das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) ficaram gravemente feridos.

Segundo as autoridades, os familiares das vítimas receberão uma indenização.

Há brasileiros entre mortos e feridos?

Em nota enviada na terça, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou ainda não ter relatos de cidadãos brasileiros entre mortos ou feridos gravemente pela explosão. No entanto, a esposa de um militar brasileiro se feriu. Segundo o Ministério da Defesa, ela é brasileira.

Funcionários da embaixada brasileira no Líbano também sofreram ferimentos leves com a explosão em Beirute.

Até 300 mil desabrigados

Segundo o governo libanês, há entre 250 mil e 300 mil pessoas desabrigadas em virtude da explosão. São pessoas que perderam suas casas ou tiveram os imóveis em que moravam profundamente abalados ou danificados pelo incidente.

Quem fará a investigação?

Após uma reunião do Conselho de Alta Defesa, que contou com o primeiro-ministro, Hassan Diab, e o presidente Aoun, o governo determinou que um comitê de investigação terá cinco dias para identificar os responsáveis pela explosão.

Qual foi a reação do governo brasileiro?

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou o ocorrido em sua conta no Twitter. Ele disse que está "profundamente triste com as cenas" que viu e que lamenta o episódio como se ele tivesse ocorrido no Brasil.

(Com agências internacionais)

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