Moradores da fronteira nos EUA denunciam racismo de autoridades contra latinos
Washington, 19 Nov 2019 (AFP) - Uma associação de moradores de cidades americanas próximas à fronteira com o México denunciou nesta terça-feira, em Washington, o racismo sofrido pelos latinos por parte de agentes fronteiriços e a impunidade com que estes operam na região.
"Existe um padrão histórico de abuso na fronteira que acreditamos constituir uma cultura de abuso e impunidade", disse Fernando García, diretor da Rede de Fronteiras dos Direitos Humanos (BNHR).
García denunciou que seu grupo documentou vários incidentes em que a polícia e os agentes do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) entram em casas sem mandados de busca.
"Parece que a Constituição não se aplica na fronteira", disse Garcia em frente ao Capitólio, após uma entrevista coletiva com Veronica Escobar, congressista democrata que representa a cidade de El Paso, no Texas, e o senador pelo Novo México Tom Udall
"Essas comunidades fronteiriças merecem um compromisso real e uma prestação de contas do Departamento de Segurança Interna (DHS)", disse o senador, que está pressionando por uma lei para melhorar a situação já aprovada pela Câmara dos Deputados, onde os democratas são a maioria.
A legislação promovida por Escobar busca aumentar a responsabilidade e a transparência dentro do DHS, responsável pela gestão da área de fronteira.
"Durante o governo Trump, as comunidades fronteiriças foram deixadas no escuro", disse Udall em referência ao duro discurso anti-imigração do presidente republicano, que declarou estado de emergência nacional para contornar o Congresso e obter fundos para construir um muro - um de seus principais projetos durante a campanha de 2016.
Garcia disse que a população latina sofreu décadas de "racismo anti-mexicano", mas o fenômeno aumentou.
"Nos últimos anos, o racismo se intensificou", denunciou Garcia, que disse que isso criou as condições para ataques contra latinos, como o tiroteio em um supermercado em El Paso, Texas, que deixou 22 mortos em agosto passado.
Antes do ataque, o atirador criticou em um manifesto na internet uma "invasão latina".
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