Boa safra de uvas favorece consumidores, agricultores e vinícolas no RS

Uma ida nas feiras e supermercados da cidade revelam não só a boa quantidade, mas a qualidade, da colheita das uvas deste ano no Rio Grande do Sul. São muitos os motivos para a celebração.
A projeção do presidente do Consevitis-RS (Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura) é 700 milhões de quilos, bem maior do que os 480 milhões de quilos registrados em 2024.
O que aconteceu
A colheita da uva iniciou na segunda quinzena de dezembro, e em diversas regiões do Estado. A safra 2025, até o momento, mostra-se de excelente qualidade, com uvas sãs e maturação boa.
Qualidade no Vale dos Vinhedos. No Vale dos Vinhedos (região que abrange as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, na região rural da Serra Gaúcha) até o momento, apenas parte das uvas foram colhidas, incluindo as destinadas ao vinho base de espumantes — variedades como Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico.
Estas uvas demonstram uma sanidade excelente, o que reflete diretamente na qualidade esperada para os espumantes que serão elaborados. Vale lembrar que essas uvas são colhidas mais cedo, quando ainda apresentam alta acidez e pH mais baixo, características fundamentais para a vivacidade dos vinhos base para espumantes.
Para as uvas que ainda aguardam colheita, as condições climáticas atuais — dias quentes seguidos de noites frias — estão sendo determinantes para uma maturação fenólica e tecnológica equilibrada. Este cenário favorece também o desenvolvimento de aromas complexos, uma das principais características dos vinhos produzidos na região.
A área demarcada pela Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, que compreende 72 km², não foi impactada pelas enchentes. De acordo com os produtores da região, o período crítico para o desenvolvimento das uvas já havia transcorrido sob condições climáticas estabilizadas.
Bom para o consumidor, ótimo para os produtores
Com a soma de fatores positivos, os produtores conseguem comercializar a fruta e conseguir um preço, segundo o presidente da Consevitis-RS, Luciano Rebellatto, justo e honesto, acima do custo de produção. "Estamos falando algo em torno de R$ 2,30 o quilo da uva Isabel 15º, usada como referência", afirma o dirigente. De acordo com a portaria governamental, a uva destinada à produção industrial, desta mesa variedade, deve ser comercializada por no mínimo R$ 1,69, representando um aumento de R$ 0,19 (+12,67%) em comparação com a safra anterior, cujo preço mínimo foi de R$ 1,50.
A indústria também se beneficia
A indústria do suco, dos vinhos e espumantes também se beneficia. E, para se ter uma ideia, o Rio Grande do Sul representa 85% do cenário nacional, ou melhor dizendo, das garrafas que são comercializadas nas gôndolas. "Isto significa que vamos regularizar os estoques e atender as demandas do mercado, equalizando os preços, gerando mais oferta e com mais qualidade", reforça Daniel Panizzi, presidente da Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura).
Uva é fundamental para a economia do Estado
Além de aspectos históricos e culturais, a colheita da uva reflete na produção de um dos maiores produtos exportadores do Estado, o vinho. A Cooperativa Vinícola Garibaldi, por exemplo, já está recebendo 70 mil quilos da fruta, sobretudo da variedade Chardonnay, destinada à elaboração de espumantes.
O município de Bento Gonçalves possui cerca de 1.100 produtores de uvas e uma área de 4.700 hectares. É a cidade que mais industrializa uvas no Rio Grande do Sul, tanto para sucos como para vinhos. Em volume de produção de uvas, ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas de Flores da Cunha, também na Serra gaúcha.
A produção de uva, cultura permanente, é resultado da forte influência da colonização italiana e está concentrada principalmente no nordeste do Estado, com destaque para região da Serra. É importante mencionar que outras regiões do Estado, como Fronteira Oeste, Campanha e Médio Alto Uruguai, também vêm se destacando na produção de uva destinada à vitivinicultura.