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Presa por bolo com arsênio pode ter envenenado também filho e marido

Na imagem, Deise com o marido e o filho, ao lado da sogra, Zeli, e o sogro que morreu envenenado, Paulo - Reprodução/Redes Sociais
Na imagem, Deise com o marido e o filho, ao lado da sogra, Zeli, e o sogro que morreu envenenado, Paulo Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/01/2025 12h54Atualizada em 23/01/2025 12h54

As investigações do caso do bolo envenenado, que resultou na morte de três membros da mesma família no fim do ano passado, em Torres (RS), indicam que Deise Moura dos Anjos, nora de uma das vítimas e principal suspeita pelo crime, pode ter tentado envenenar o próprio filho e o marido com um suco contaminado com arsênio antes do episódio com o doce.

O que aconteceu

Consumo do suco "não foi acidental", segundo delegado. A declaração foi dada pelo delegado do caso, Marcos Veloso, em entrevista à TV Globo nesta quinta-feira (23). Ele afirmou, porém, que ainda não pode divulgar detalhes sobre as novas descobertas. Investigações do caso apontam que o arsênio foi identificado na bebida e no organismo do marido de Deise, Diego dos Anjos, e do filho do casal, de 9 anos, após uma perícia solicitada pela polícia ao IGP-RS (Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul).

Todas as provas que estamos coletando nesse inquérito estão nos levando a, de fato, a fazer o caminho do veneno, o arsênio, até o consumo das pessoas que vieram a falecer, ou a quase falecer. (...) Nós precisamos trabalhar de forma calma, mas ao mesmo tempo célere para tentar descobrir se a intenção da investigada era a morte apenas da sogra ou também a morte de outras pessoas da família, conforme ocorreu em dezembro. Delegado Marcos Veloso, em entrevista à emissora gaúcha RBS, afiliada à TV Globo

Suspeita é que Deise tenha contaminado suco em dezembro, dias antes da confraternização familiar na qual o bolo envenenado foi servido. Em entrevista à rádio gaúcha na terça-feira (21), Veloso confirmou que a criança consumiu o suco na época, ainda sem entrar em detalhes.

UOL entrou em contato com o delegado para confirmar as declarações, mas ainda não teve retorno. O texto será atualizado no caso de futuras manifestações.

Defesa de Deise afirma que ainda não teve acesso aos laudos relacionados ao filho e marido da suspeita. Em nota, o escritório Cassyus Pontes Advocacia alega que "no momento, não há judicialização das supostas novas vítimas" (leia o posicionamento completo abaixo).

O que se sabe sobre o caso

Investigadores coletaram provas com "fortes indícios" de que Deise praticava "homicídios em série". Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ela foi autora da morte por envenenamento de quatro familiares, entre setembro e dezembro do ano passado. Ela também é investigada por outras tentativas de homicídio na família, segundo divulgado pelos investigadores no último dia 10 de janeiro.

Sogro de suspeita morreu em setembro de 2024, e outras três pessoas em dezembro. No caso mais recente, grandes concentrações de arsênio foram encontradas em um bolo consumido por cinco familiares. As vítimas fatais eram irmãs e sobrinha da sogra da suspeita: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Zeli dos Anjos, 61, sogra de Deise, também foi hospitalizada, mas recebeu alta, assim como uma criança de 10 anos.

Nota fiscal da compra do veneno teria sido encontrada no celular de Deise. O documento, divulgado com exclusividade pela RBS e confirmado pelo UOL no último dia 13, mostra o nome da investigada como destinatária e a identificação do produto como arsênio.

Arsênio teria sido recebido pelos Correios. ''Hoje, eu posso dizer com certeza que ela pesquisou, comprou, recebeu e usou o veneno para matar as vítimas'', afirmou o delegado Marcos Veloso, em coletiva de imprensa em 10 de janeiro.

Suspeita comprou veneno quatro vezes em um período de cinco meses. Em seu telefone, foram encontradas inúmeras buscas como ''veneno que mata humano'', ''veneno para o coração'' e ''veneno arsênio'', antes dos envenenamentos dos familiares.

Deise alegou que pesquisas foram feitas após resultado laboratorial que indicava arsênio no sangue de vítimas. Segundo a Polícia Civil, a familiar suspeita disse que teria procurado saber sobre a substância para entender o laudo do exame do sogro morto. Os investigadores afirmam, no entanto, que encontraram buscas por arsênio feitas por Deise em outras datas distintas.

Mulher teria enviado mensagens a familiares que estão sendo usadas como parte das provas. Alguns trechos delas foram divulgados em entrevista coletiva sobre as investigações na última sexta. "Vamos mostrar uma pequena parte das conversas que ela teve com pessoas com quem se relacionava para mostrar como funciona a mente dessa pessoa sobre a vida humana", afirmou o delegado Marcos Veloso em coletiva de imprensa no último dia 13.

Suspeita teria inventado narrativa para convencer família a não levar apuração da morte do sogro adiante. Além das três familiares mortas em dezembro, Deise teria envenenado, também com arsênio, o sogro, Paulo dos Anjos, 68, morto em setembro de 2024. Na época, ele foi internado após comer bananas e leite em pó levados à casa dele por Deise. A causa da morte dele foi registrada à época como complicações por uma infecção intestinal.

Defesa de Deise afirma que está em contato com peritos criminais particulares. O objetivo da medida, segundo o escritório Cassyus Ponte, é a avaliação das provas colhidas nas investigações policiais relacionadas ao bolo envenenado e à morte do sogro de Deise.

A defesa da acusada Deise vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos. Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos. Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas. Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito. Escritório Cassyus Pontes Advocacia, em nota enviada ao UOL nesta quinta (23)

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