Bolsonaro diz que PL tem deputado oportunista e que PT quer aniquilar sigla

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se referiu nesta quarta-feira (22) a deputados da sigla como "oportunistas". Ele também disse que o PT quer "aniquilar" a sigla à qual é filiado. As falas ocorreram durante entrevista à rádio bolsonarista Auriverde.
O que aconteceu
Bolsonaro diz que cenário parlamentar dos EUA é semelhante ao do Brasil. Ex-presidente falava sobre o contexto dos Estados Unidos e dizia que "lá os democratas trabalham há anos para botar um ponto final na força dos republicanos". Segundo ele, situação semelhante ocorre no Brasil. "O PT trabalha para aniquilar o PL, que é o maior partido da oposição a eles".
Sem citar nomes, ex-presidente criticou deputados que chamou de "oportunistas" dentro do PL. "A maioria dos deputados, infelizmente, não são todos, tem uma dúzia de oportunistas no PL, que eu espero que seja feita a limpa em 2026, que tem compromisso com o futuro do país".
Deputados chamados de oportunistas são aqueles que votaram contra pautas bolsonaristas. O UOL apurou com pessoas próximas ao ex-presidente que os parlamentares da sigla criticados por Bolsonaro são os que votaram a favor da prisão do ex-deputado federal Daniel Silveira e a favor da recriação do DPVAT e aqueles que deixaram de votar pela aprovação da reforma tributária.
Bolsonaro diz que PL deve fazer alianças com partidos aliados em 2026. Ele citou como exemplo os estados do Espírito Santo, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. "O PL não tem o monopólio da virtude, queremos, das 54 vagas, fazer pelo menos 40", afirmou. "Não é fácil você entrar no Nordeste, por exemplo, devemos ter um bom candidato em Sergipe (...), temos em Pernambuco também uma boa pessoa candidata ao Senado."
Ex-presidente comentou ainda sobre as emendas impositivas. "Não tem como um parlamentar fazer coisa errada hoje, a emenda é impositiva, se bem que alguns fazem", disse. "Se eu puder falar com Valdemar [Costa Neto, presidente do PL], a gente vai tirar esses caras do partido, se eu não puder falar com ele, vamos ver como que a gente pode agir. Nunca você vai ter um deputado 100% bom em tudo. Não dá para o cara passar quatro anos cuidando da vida dele e na eleição vestir o verde e o amarelo."
Inelegibilidade e planos para 2026
Inelegível, Bolsonaro disse que, se ele não participar das próximas eleições presidenciais, elas "não serão democráticas". "Quem vai ser candidato em 2026, o [Fernando] Haddad ou o [Geraldo] Alckmin? Uma coisa é ficar inelegível porque roubou ou porque desviou. A eleição de 2026 não será democrática sem a minha presença. Só falo ao parecido aos 48 [minutos] do segundo tempo, quando eu não tiver mais chances."
Sem citar nomes, ele criticou candidatos de pouca idade com intenções de disputar a Presidência da República. Recentemente, o cantor sertanejo Gusttavo Lima disse que tem intenção de concorrer. O gesto foi interpretado como uma traição por pessoas ligadas a Bolsonaro e provocou disputas no campo da direita.
Bolsonaro disse que errou na escolha de ministros "palacianos". Ex-presidente disse que faria uma nova escolha ministerial e citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele disse que teria ministros com perfil técnico, mais "peso pesado". "Não tem que saber muito sobre política, não. O Tarcísio foi dez lá na Infra [Ministério da Infraestrutura]. A Tereza Cristina foi dez na Agricultura."
Em relação ao Senado, o ex-presidente afirmou que o PL quer lançar um candidato por estado. Ele disse que combinou isso com Valdemar, "quando ainda podiam conversar". "Acertamos que vamos lançar um candidato por estado do Brasil. Não vai ter peixada, onde tivermos dúvidas, vamos fazer uma pesquisa". Segundo ele, em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás há mais de dois candidatos para serem escolhidos.
Elogios a Trump e pedido de anistia
Mais uma vez, Bolsonaro comentou o perdão dado por Trump aos invasores do Capitólio. "Eram pessoas que estavam presas por algo semelhante ao que aconteceu aqui no Brasil." O ex-presidente voltou a pedir anistia aos condenados por orquestrar os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023. "Vamos partir para uma pacificação, para uma anistia que venha do próprio Supremo Tribunal Federal."
Bolsonaro elogiou medidas anunciadas por Trump que devem levar a um desmonte de direitos. "Trump está com gás, com vontade. Começam hoje anos de ouro nos EUA. Enquanto o que mais vemos nesse governo é anunciar demarcação de terras indígenas", afirmou.
Ele voltou a se queixar de não ter obtido permissão do STF para viajar aos EUA. Na decisão, Moraes negou o requerimento da defesa do ex-presidente citando o apoio dele a foragidos do 8 de Janeiro. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que foi em seu lugar, deve ficar mais tempo do que o previsto nos EUA para participar de um ato contrário ao aborto, segundo o ex-presidente.
Bolsonaro se comparou a Trump. "Tudo o que eu estou passando aqui, Trump passou lá", disse ele. "O que acontece no Brasil, os periféricos dão uma olhada para cá. O que acontece nos EUA é uma luz para o mundo."