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Reação de Pequim após declarações de senador Rubio anuncia tensões entre USA e China na nova era Trump

16/01/2025 17h00

Marco Rubio, senador da Flórida, disse ao Comitê de Relações Exteriores na quarta-feira (15) que a China é "o adversário mais poderoso e perigoso que os Estados Unidos já enfrentaram" em sua história, com "elementos que a União Soviética nunca possuiu". As declarações do republicano, indicado por Donald Trump para o cargo de secretário de Estado norte-americano, suscitaram uma reação quase imediata do governo chinês.

Com informações de Cléa Broadhurst, correspondente da RFI em Pequim

Em sua sabatina de confirmação no Senado, Rubio não poupou críticas à China. "Recebemos o Partido Comunista Chinês nessa ordem mundial. Eles aproveitaram todos os seus benefícios, mas ignoraram todas suas obrigações e responsabilidades", disse o senador. "Mentiram, enganaram, hackearam e roubaram para alcançar o status de superpotência global às nossas custas", afirmou também o republicano que, se for confirmado no cargo, será o primeiro latino à frente da diplomacia americana.

"Os Estados Unidos devem chegar a um entendimento correto da China e parar com ataques injustificados e campanhas de difamação", reagiu o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa. Ele defendeu a posição de Pequim, dizendo que o desenvolvimento chinês se baseia em uma lógica histórica clara, que tem como objetivo melhorar a vida do povo chinês e, ao mesmo tempo, fazer uma contribuição significativa para o mundo.

Outro ponto de tensão levantado pelo senador americano foi seu compromisso para fortalecer as defesas de Taiwan evitar o que ele chama de "catastrófica intervenção militar" da parte da China. Para evitar que a China invada Taiwan, que Pequim considera parte de seu território, Rubio acredita que Washington deve demonstrar que as autoridades chinesas pagariam um preço "alto demais" caso tente alguma ofensiva contra a ilha. 

Pequim considerou a declaração de Rubio uma interferência inaceitável. O porta-voz lembrou que as relações de seu país com os Estados Unidos devem se basear no respeito mútuo, ou seja, no respeito ao princípio de uma só China. Pequim exige que Washington cesse seus ataques e difamações e reafirme sua soberania sobre Taiwan.

A reação de Pequim às declarações de Rubio e à sua possível nomeação reflete uma certa apreensão em relação a futuros compromissos diplomáticos, dada sua posição crítica de longa data em relação à China.

E a situação não é muito diferente do lado do novo presidente. Logo após sua reeleição, Trump anunciou que uma de suas primeiras medidas seria taxar em 10% os produtos provenientes da China, além dos impostos já em vigor. Pequim se mostrou aberta ao "diálogo", mas avisou que "ninguém venceria uma guerra comercial", dando o tom de como podem ser as relações entre os dois países nessa nova era Trump. 

(Com AFP)

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