Topo
Notícias

Aliança net zero suspende atividades após saída da BlackRock

Sede da BlackRock em Nova York - Carlo Allegri - 25.mai.2021/Reuters
Sede da BlackRock em Nova York Imagem: Carlo Allegri - 25.mai.2021/Reuters
do UOL

De Ecoa

13/01/2025 18h09

A iniciativa Net Zero Asset Managers (NZAM), principal coalizão climática do setor financeiro mundial, anunciou a suspensão temporária de suas atividades de monitoramento e relatórios após a saída de grandes nomes do grupo.

A decisão acontece dias depois de a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, com US$ 11,5 trilhões sob administração, ter anunciado sua saída da coalizão. Em carta aos clientes, a gestora justificou que sua participação na iniciativa gerou "confusão em relação às práticas da BlackRock" e resultou em questionamentos legais de autoridades públicas nos EUA.

A decisão da BlackRock ocorre em um contexto de pressões políticas significativas, com membros do Partido Republicano criticando iniciativas climáticas e acusando-as de violar leis antitruste e prejudicar setores tradicionais de energia.

A saída da BlackRock foi a quinta grande baixa na coalizão e a gota d'água para a suspensão temporária, após as baixas de Morgan Stanley, Citigroup, Bank of America e Goldman Sachs.

Criada em 2020 para apoiar investidores na mitigação de riscos financeiros relacionados às mudanças climáticas e na transição para uma economia de emissões líquidas zero, a NZAM informou que retirará de seu site a lista de signatários, suas metas de emissões e estudos de caso, enquanto consulta seus membros e comunica as atualizações de forma transparente.

Apesar dos ajustes, a organização reafirmou seu compromisso de continuar apoiando investidores globalmente na transição energética, alinhando suas estratégias aos objetivos financeiros de longo prazo.

A decisão ocorre como parte de uma ampla revisão de sua estrutura, impulsionada por mudanças regulatórias e expectativas divergentes de clientes, especialmente nos Estados Unidos.

A NZAM, que atualmente conta com mais de 325 signatários gerindo um total de US$ 57,5 trilhões, compromete seus membros a apoiar a meta de emissões líquidas zero até 2050. Isso inclui ações como influenciar decisões corporativas por meio de votos em assembleias.

Embora a saída da BlackRock possa influenciar outras empresas a seguir o mesmo caminho, rivais como a State Street Corp, outra grande gestora de ativos, declararam que continuam comprometidas com a NZAM. O papel dessas iniciativas no futuro dependerá do equilíbrio entre as demandas regulatórias e a pressão dos investidores por compromissos climáticos claros.

As críticas à NZAM e a outros esforços semelhantes cresceram com o retorno de Donald Trump ao cenário político, intensificando a oposição republicana. Em dezembro, um comitê do Congresso liderado por republicanos solicitou informações sobre a participação de gestoras de ativos, incluindo a BlackRock, na NZAM. Em novembro, a BlackRock e outras empresas foram processadas por 11 estados dos EUA, acusadas de ativismo climático que teria aumentado os preços da energia.

Apesar disso, a BlackRock negou qualquer irregularidade e afirmou que as ações judiciais desestimulam investimentos em empresas essenciais para os consumidores. A gestora também destacou que sua saída da NZAM não altera a forma como avalia riscos climáticos em suas carteiras. "Continuamos a considerar riscos materiais relacionados ao clima, juntamente com outros fatores de investimento, na entrega de soluções para os clientes", afirmou a empresa em comunicado.

A revisão da NZAM, aliada a eventos como a saída da BlackRock, evidencia os desafios de equilibrar compromissos climáticos voluntários com as complexidades de um cenário político e regulatório em constante mudança.

Com informações da Reuters

Notícias