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Ministério da Justiça manda PF investigar ataque a acampamento do MST

do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/01/2025 17h09Atualizada em 12/01/2025 15h59

O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou neste sábado (11) que a Polícia Federal abra um inquérito para apurar o ataque ao acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) no interior de São Paulo.

O que aconteceu

O ofício foi assinado pelo ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto. No documento, o secretário-executivo da pasta cita um artigo da Lei nº 10.446, de 8 de maio de 2002, que fala sobre crimes relativos à violação de direitos humanos.

De acordo com o ministério, uma equipe da PF foi enviada ao local. Segundo a pasta, o grupo conta com agentes, perito e papiloscopista.

Mais cedo, a Presidência da República divulgou nota sobre o atentado. O órgão cita que o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, considera o crime "bárbaro" e que pediu providências e punição aos envolvidos pelo secretário de segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e a Gilberto Kassab, Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado.

O MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar] repudia o crime e manifesta solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso, diz a nota divulgada pela Presidência.

Como foi o ataque

O ataque ocorreu na noite de sexta-feira (10). Dois homens foram assassinados e cinco pessoas ficaram feridas após um grupo armado invadir e atirar contra o assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no Vale do Paraíba, em São Paulo - entre elas, uma das referências do movimento, com vários tiros na cabeça.

Referência do movimento, Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.

Cerca de dez homens apareceram no local em cinco carros e atiraram. Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Irmão de Gleison, Denis Carvalho, 29, foi internado em coma induzido.

As pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos. Elas foram levadas ao Hospital regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté, e ao pronto-socorro.

Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos. Muitos deles dormiam quando o ataque ocorreu, por volta das 23h.

É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo Gilmar Mauro, membro da coordenação nacionao do MST

Cerca de 45 famílias vivem na área. O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos.

Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.

A Secretaria de Segurança Pública do estado de SP foi procurada pela reportagem. Em nota, afirma que a "Polícia Civil de Taubaté investiga as mortes de dois homens, 28 e 52 anos".

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi abordado no local e autuado em flagrante por porte ilegal da arma.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado anteriormente neste texto e na home do UOL, não foram registradas três mortes após o ataque ao assentamento. Denis Carvalho, que chegou a ter a morte noticiada pelo MST, segue em coma induzido, de acordo com informações da própria assessoria do movimento. MST e a Polícia Civil informaram que, até o momento, foram confirmadas duas mortes.

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