Inflação na zona do euro fica abaixo de 2% pela primeira vez desde 2021
A inflação na zona do euro caiu para 1,8% em ritmo anual em setembro, o menor nível desde junho de 2021, graças ao recuo dos preços da energia, que deixou o índice abaixo da meta de 2% definida pelo Banco Central Europeu (BCE).
O resultado aumenta a pressão sobre o BCE para que a instituição prossiga com os cortes nas taxas de juros, depois de ter reduzido as taxas duas vezes desde o início e deixado a taxa principal em 3,5% na reunião de setembro.
A redução de junho foi a primeira em cinco anos, após um período de inflação elevada, provocada pela invasão russa da Ucrânia.
Na segunda-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que os integrantes do comitê de política monetária da instituição "levarão em consideração" a trajetória recente da inflação na reunião prevista para 17 de outubro.
Lagarde, no entanto, alertou que "a inflação pode aumentar temporariamente no quarto trimestre do ano", mas acrescentou que os números recentes "reforçam nossa confiança de que a inflação retornará à meta no momento oportuno".
Segundo os dados divulgados pela agência de estatísticas Eurostat nesta terça-feira (1), os preços da energia caíram 6% em ritmo anual no mês de setembro na Eurozona, bloco integrado por 20 dos 27 países membros da UE.
Os preços dos alimentos, que entram na mesma categoria das bebidas alcoólicas e do tabaco, aumentaram 2,4%.
No setor dos serviços, os preços avançaram 4,0% em setembro, um décimo a menos que em agosto, segundo a Eurostat.
A inflação subjacente - a mais observada pelos analistas e que não inclui energia e alimentos - foi de 2,7%, um décimo abaixo do índice de agosto.
No mês de agosto, a inflação da zona do euro foi de 2,2%. Várias empresas de consultoria projetavam um índice de 1,9% para setembro.
- Pressão sobre o BCE -
Entre as principais economias do bloco, a Alemanha registrou inflação de 1,8%, a França de 1,5%, a Itália 0,8% e a Espanha 1,7%.
Bélgica (4,5%), Holanda (3,3%), Portugal (2,6%), Estônia (3,2%), Grécia (3,0%) e Croácia (3,0%) ficaram consideravelmente acima da média.
Franziska Palmas, economista da consultoria Capital Economics, destacou que o resultado de setembro "deveria ser suficiente para convencer o BCE de reduzir as taxas em outubro, apesar de a inflação nos serviços continuar elevada".
Na opinião dela, a inflação deve permanecer abaixo de 2% este ano e em 2025. "Esperamos que o BCE reduza a taxa de depósito em 0,25 em outubro, para 3,25%".
Bert Colijn, analista do banco ING, afirmou que, como "a inflação subjacente está caindo lentamente neste momento, parece que a meta de 2% a médio prazo é alcançável".
Para o economista, o BCE "parece bastante convencido de que a inflação está no caminho dos 2%, mas a questão agora é a velocidade com a qual deseja que as taxas de juro retornem ao patamar neutro".
ahg/avl/fp
© Agence France-Presse
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