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Brasil estreia com três medalhas na natação paralímpica: "estou me sentindo em casa", diz Gabrielzinho após ouro

29/08/2024 15h50

A Arena La Défense ficou lotada nesta quinta-feira (29) para o primeiro dia de competições de natação dos Jogos Paralímpicos Paris 2024. Após as baterias classificatórias realizadas pela manhã, sete brasileiros caíram na água em busca de medalha nas finais, à noite. Gabriel Araújo, o Gabrielzinho como é conhecido, confirmou o seu favoritismo e conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil nesta edição do evento.

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

Um dos mais cotados na categoria S 2 (para atletas com limitações fisico-motoras), Gabriel Araújo, 22 anos, não decepcionou a torcida brasileira presente em Paris e venceu com facilidade a prova dos 100m costas. O atleta de Juiz de Fora, Minas Gerais, terminou com tempo de 1min53s 67, sete segundos à frente do segundo colocado. "A minha saída de prova é sempre boa, eu sei que vou sair na frente e quando eu passo na frente, não deixo ninguém me pegar", disse em entrevista à RFI Brasil ao sair da piscina. "Estou muito feliz, era o meu principal objetivo nesta competição, fazer a prata virar ouro, foi uma prova perfeita", avaliou o nadador, que foi o porta-bandeira da delegação do Brasil na cerimônia de abertura, na noite de quarta-feira (28), na Praça da Concordia. "Eu estou me sentindo em casa na França. Foi uma honra máxima, um momento que vou guardar para o resto da vida", disse.  

Gabriel nasceu com focomelia, uma anomalia congênita que impede a formação normal de braços e pernas e começou a nadar por influência de um professor de educação física. "Espero que o esporte paralímpico se desenvolva e fique cada vez mais conhecido no Brasil e no mundo inteiro, pois a gente trabalha igual", disse o nadador. 

Nos 100 m borboleta, Gabriel Bandeira da categoria S 14 (para atletas com deficiência intelectual) entrou na piscina para defender o seu título, numa prova muito disputada. Ele acabou ficando com o bronze, ao terminar com o tempo de 55s08. O ouro foi para o dinamarquês Alexander Hillhouse, que completou a prova com tempo de 54s61, o novo recorde paralímpico. A marca anterior, do brasileiro, era de 54s76, conquistada em Tóquio. Em segundo lugar, ficou o britânico William Hellard. "A prova não encaixou do jeito que eu queria, a temporada foi difícil", lamentou o brasileiro em entrevista. "Eu queria manter meu título de campeão paralímpico, mas não deu dessa vez", disse Gabriel. "Recordes são feitos para serem quebrados e eu queria mesmo era a medalha", disse após a conquista do bronze. 

Gabriel competia na natação convencional desde os 11 anos. Até que testes constataram uma forma de deficiência intelectual. A sua primeira competição paralímpica foi em 2020, quebrando quatro recordes brasileiros. No ano seguinte, ele bateu seis recordes das Américas. O atleta ainda detém o recorde mundial da prova, de 54s18 conquistado por ele em São Paulo, em 2022. 

Primeiro a competir

O primeiro brasileiro a competir na natação em Paris foi Andrey Ribeiro Woyczak Madeira, de 20 anos, nos 400m livre, na categoria S9 (para atletas com limitações fisico-motoras). Ele terminou a prova na oitava colocação, com um sonho realizado. "Esta é minha primeira paralimpíada e eu saio bem satisfeito. O objetivo era ir para uma final e estar entre os oito melhores do mundo", disse à RFI. A prova foi vencida pelo francês Hugo Didier, que disputou braçada a braçada com o italiano Simone Barlaam, levando a torcida francesa ao delírio. "Quando eu entrei, fiquei todo arrepiado", disse o brasileiro. 

Submetido à amputação de parte da perna esquerda, acima do joelho, por falta de circulação com 3 dias de vida, Andrey treina desde os 10 anos. O atleta foi ouro nos 400 livre e prata nos 50 livre no Parapan-Americano de Santiago 2023. 

José Ronaldo da Silva, da categoria S1 (para atletas com limitações fisico-motoras) masculino, competiu nos 100m costas, mas acabou sendo desclassificado. O atleta de Santa Rita do Passa Quatro, em São Paulo, sofreu acidente automobilístico em 2006, fraturou a coluna cervical, ficando tetraplégico. Ele está no esporte paralímpico desde 2015. A sua primeira convocação havia sido para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. "Eu não entendi o por quê da desclassificação, mas agora vou focar na prova dos 50m no sábado (3), disse.   

No feminino, Mayara Petzold disputou os 50m livre na categoria S6 (para atletas com limitações fisico-motoras). A atleta de 22 anos, de Uberlândia, Minas Gerais, ficou na quinta colocação, com tempo de 35s60. Mayara nasceu com uma deficiência similar a nanismo (baixa estatura) e começou na natação por recomendação médica, aos 4 anos. Ela conheceu a modalidade paralímpica aos 13 anos e hoje fala sobre estar pela primeira vez em uma Paralimpíada.  "Eu estou muito feliz, essa prova eu nadei para quebrar o gelo, não é o meu forte e sou a quinta melhor do mundo, fiquei supresa", disse a atleta, que foca agora na prova dos 50 m borboleta no sábado. "A ficha só cai quando você está na água, agora começou", disse, prometendo mais supresas para a torcida.  

Prata

O pernanbucano Phelipe Andrews Melo Rodrigues disputou a prova de 50m livre masculino, conquistando a prata. O atleta de 34 anos da classe S10 (limitações físico-motoras) já tinha oito pódios na competição. "Estou muito feliz de estar representando o Brasil nesta última edição dos Paralímpicos e ter medalha em todas elas, isso me deixa muito feliz", disse o atleta após a prova. "O Rio 2016 foi uma euforia, depois no Japão foi quase um evento fantasma. Então, voltar a sentir a atmosfera com a torcida fez eu me lebrar do Rio", disse. "Como no Brasil, haverá um movimento Paralímpico antes e depois destes Jogos", acredita.  

Phelipe nasceu com o pé torto congênito (direito). A natação entrou em sua vida após algumas cirurgias de correção como forma de reabilitação e desde os 17 compete na modalidade paralímpica, integrando a elite da natação brasileira. Ele tem agora 9 medalhas paralímpicas, 20 em mundiais e 22 em Parapans.  "A natação é a minha vida. Hoje eu sou mais maduro através do esporte", diz.  

Marina Ribeiro, 29 anos, disputou a fina ldos 50m livre da categoria S 9. A atleta que vive em Vitória ficou em sétimo lugar, com tempo de 21s81. 

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