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Migrantes em Ciudad Juárez recebem com tranquilidade lei dos EUA que restringe asilo

10/05/2024 08h33

"Já que não temos antecedentes (criminais) deveriam nos dar uma chance", afirma Rolando Villán, um migrante equatoriano, em solo mexicano, a 50 metros dos Estados Unidos, sobre um novo projeto de lei que acelera a recusa de asilo àqueles que representam um perigo para a segurança americana. 

Ao tomar conhecimento da iniciativa promovida desde quinta-feira pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês), Villán garantiu que não faz parte do grupo visado pela medida migratória e que a considera compreensível. 

"Eles (o governo dos Estados Unidos) também fazem isso pela sua segurança e, como em todos os países, é preciso respeitar as leis", acrescentou este homem de 49 anos de Ciudad Juarez, estado mexicano de Chihuahua. 

Na margem mexicana de uma parte seca do Rio Bravo, que serve como fronteira, Villán conta que morou até quatro anos atrás em Miami, na Flórida, trabalhando como motorista. 

"Enquanto eu estava agilizando minha situação migratória, me pediram para sair e aguardar em meu país, mas enquanto estive lá (no Equador) nunca me informaram uma data" para dar continuidade ao trâmite, afirma cinco meses mais tarde. 

Ele considera sua solicitação de asilo genuína "agora que há tantas gangues" e pelo fato de ter "quatro filhos que nasceram nos Estados Unidos".

Outros migrantes sem documentos reagiram com a mesma calma ao novo regulamento proposto pelo governo do presidente Joe Biden, que permite que pedidos de asilo sejam negados em uma questão de dias se houver provas de que podem ser rejeitados por razões de "terrorismo, segurança nacional ou crime". 

"Não sei quais são essas políticas, mas se alguém deve alguma coisa, em minha opinião, deve pagar", disse Ariel Doblado, originário de Honduras, onde trabalhou em uma confecção de roupas até que o desemprego o deixou à mercê de grupos criminosos. 

Doblado, 21 anos, e Villán estão separados dos Estados Unidos por três cercados de arame farpado instalados pelo governo do Texas e pelo muro fronteiriço do governo federal americano. 

"É preciso atravessar essas três cercas de arame, e seu sonho americano é atravessar e aí você arrisca sua vida... que tirem isso e permitam a chegada até o muro, e que lá o pessoal da imigração o receba e "inicie seu processo de asilo", explica Doblado. 

O projeto de lei do DHS passará por um processo de discussões públicas e poderá sofrer mudanças antes de entrar em vigor. 

Em março, a patrulha fronteiriça americana registrou 189.372 interceptações de migrantes e solicitantes de asilo, em sua maioria latino-americanos, que cruzaram ilegalmente a fronteira com o México, segundo dados oficiais.

jg/ag/jc/fp

© Agence France-Presse

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