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Defesa nega que Rivaldo arquivava crimes: 'Conhecido como Sherlock Holmes'

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/04/2024 19h53Atualizada em 30/04/2024 20h06

A defesa de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeito de planejar a morte da vereadora Marielle Franco, negou que o cliente arquivava crimes e disse que não há provas de obstrução. A declaração foi dada durante entrevista ao UOL News desta terça (30). Um dos advogados também disse que Rivaldo era "reconhecido como Sherlock Holmes" da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Não existem essas provas [de obstrução], nem de testemunha nenhuma, a não ser a declaração de um réu confesso, executor do crime [Ronnie Lessa], delatando, inclusive, quem o prendeu. A gente está muito tranquilo em relação a essa base, a essa narrativa da polícia porque não há lastro comprobatório nos autos. Não há sequer uma prova de contato dele com escritórios do mandante do crime, com o executor. Marcelo Ferreira, advogado de Rivaldo

Essas premissas são absolutamente equivocadas, são falsas. A explicação da parte do Rivaldo é que não existe isso [obstrução de provas na investigação]. É importante a gente entender dentro da estrutura da Polícia Civil qual a participação do Rivaldo dentro da investigação, porque o Rivaldo como chefe de polícia, ele sequer pode participar efetivamente da investigação. Felipe Dalleprane, advogado de Rivaldo

Um dos advogados de Rivaldo cita números que indicariam redução no número de arquivamentos de inquéritos sobre homicídios no estado do Rio de Janeiro sob a gestão de Rivaldo, que pegou boa parte de 2018. Em relatório enviado ao Ministério Público em 2019, a Polícia Federal apontou o delegado, no entanto, como suspeito de receber R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre sua autoria.

Temos um estudo do Ministério Público do RJ justamente na gestão do Rivaldo que o índice de arquivamentos dos inquéritos dos homicídios caiu de 39% para 6%. Isso de 2014 a 2018. O Rivaldo era reconhecido pela obsessão por metas e resultados, ele era reconhecido como o Sherlock Holmes da Polícia Civil do RJ. Felipe Dalleprane, advogado de Rivaldo

Não existe lastro objetivo do relatório da Polícia Federal que indique essas premissas de propina, redução de resultados, de participação na obstrução [do caso]. Felipe Dalleprane, advogado de Rivaldo

Rivaldo diz que era amigo de Marielle e por isso lutou por caso, diz defesa

Durante conversa com advogados, Rivaldo afirmou que era amigo de Marielle Franco.

Ele comentou comigo, pessoalmente, que ele [Rivaldo] era amigo de Marielle. Marcelo Ferreira, advogado de Rivaldo

É necessário a gente entender o contexto desse relacionamento do Rivaldo com a Marielle. O Rivaldo enquanto delegado e chefe da divisão de homicídios, ele teve uma atuação muito próxima com o então deputado estadual, o vereador Marcelo Freixo, que era presidente da Comissão de Direitos Humanos do RJ. Havia ali uma espécie de colaboração da própria comissão com a divisão de homicídios. Felipe Dalleprane, advogado de Rivaldo

Com o Freixo assumindo outros cargos dentro da administração pública, quem assume essa responsabilidade é a própria Marielle. [...] Ele disse que tinha um contato direto com a Marielle e houve situações de colaboração da Marielle com a própria polícia para investigação de casos dentro do Rio de Janeiro. Essa é a relação que existia entre Rivaldo antecedente ao assassinato. Isso não é palavra nossa, foi o Rivaldo que mencionou: 'Eu era amigo da Marielle'. Felipe Dalleprane, advogado de Rivaldo

Entretanto, em março, a ex-assessora da vereadora e sobrevivente do atentado político, Fernanda Chaves, negou em entrevista ao UOL News que Marielle e Rivaldo tivessem algum laço de amizade.

Eu já vi um vídeo dele [Rivaldo] daquele momento em que ele fala que era amigo da Marielle. Ele nunca foi amigo da Marielle. Ele era uma pessoa da interlocução. Marielle trabalhou com essa temática antes de ser vereadora. Quando ela coordenou a comissão de direitos humanos na Alerj, essa temática da segurança era muito presente e ela tinha ele como interlocutor, como todo mundo que atua nessa área. Depois de vereadora, isso é menor, porque tinha as limitações da vereança. Fernanda Chaves, ex-assessora de Marielle Franco e sobrevivente de atentado

Defesa diz que vai pedir habeas corpus para Rivaldo: 'Prisão ilegal'

A defesa de Barbosa também disse na entrevista que vai pedir a revogação de sua prisão que considera ilegal e inconstitucional.

A decisão do ministro [Alexandre de Moraes] era para que ele fosse ouvido logo após a prisão, isso não aconteceu, nossa crítica é somente essa. Mas a gente acredita na instituição STF, Ministério Público Federal e PGR, na Polícia Federal e sabe que tudo vai ser esclarecido. Marcelo Ferreira, advogado de Rivaldo

A nossa petição em breve vai ser realmente de revogar a prisão do Rivaldo, porque já se tornou ilegal há muito tempo, inconstitucional. [?] Em breve a gente entra com esse pedido, em menos de uma semana. Marcelo Ferreira, advogado de Rivaldo

O que a PF diz sobre Barbosa

O delegado é acusado de participar do planejamento do crime. Segundo relatório da corporação, ele atrapalhou as investigações das mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Barbosa assumiu cargo na Polícia Civil um dia antes dos assassinatos. Ele foi nomeado pelo então interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Braga Netto.

Suspeito de receber propina para obstruir investigações. Em relatório enviado ao Ministério Público em 2019, a Polícia Federal apontou Barbosa como suspeito de receber R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre sua autoria. Delegado negou o recebimento de propina e a obstrução do caso, mas segundo a delação do ex-PM Ronnie Lessa, foi ele quem garantiu a impunidade do crime.

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